sábado, 30 de abril de 2011

CENSO DO BRASIL 2010


População brasileira cresce 21 milhões em uma década com menor ritmo da história

O BRASIL EM NÚMEROS


Brasileiro ficou mais velho e menos branco; população teve menor crescimento .


Na primeira década do século 21, a população brasileira cresceu ao menor ritmo já registrado. De acordo com dados do Censo 2010, divulgados nesta sexta-feira (29/04/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 2000 e 2010 a média anual de crescimento demográfico foi de 1,17%, menor que os 1,64% da década anterior (1991-2000). Desde o Censo 2000, a população cresceu 12,3%, isto é, 21 milhões a mais de brasileiros - o equivalente ao dobro da população de Portugal. Hoje, a população brasileira é de 202 milhões.

Após o fim dos anos 1950, período no qual o crescimento demográfico foi o mais intenso – com taxa anual de 2,99% – da série histórica iniciada em 1872, o Brasil passou a crescer a ritmos cada vez menores. Se com média anual de 2,99% a população nacional levaria 24 anos para duplicar, no ritmo da última década o processo tomaria 60 anos.


Fernando Albuquerque, Gerente de Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, destaca o declínio da fecundidade como responsável pela desaceleração do crescimento. Ele lembra que em muitos Estados do Brasil, a fecundidade já está abaixo do nível de reposição, que é de 2,1 filhos para cada mulher. Ainda assim, a população brasileira ainda está longe de ter crescimento negativo.

“Não é porque o Brasil está com uma taxa abaixo do nível de reposição que daqui a cinco anos a população vai começar a diminuir. Ainda vai percorrer um certo tempo crescendo, até começar a diminuir em valores absolutos”, explica o pesquisador.

Norte é região que mais cresce

Apesar da menor média de crescimento populacional já registrada, o índice difere de acordo com cada região do País. Enquanto no Sul a população aumentou 0,87% nos últimos dez anos, no Norte o índice atingiu 2,09%. Entre as seis Unidades da Federação com maior crescimento populacional na última década, cinco delas (Amapá, Roraima, Acre, Amazonas e Pará) pertencem à região.

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“A região Norte sofreu certo processo de estagnação em décadas passadas, mas agora a indústria madeireira, a mineração e atividades extrativas ainda atraem a população de migrantes”, avalia Albuquerque, frisando que Norte e Centro-Oeste foram as duas únicas regiões onde as populações rurais aumentaram em 313 mil e 31 mil, respectivamente. Enquanto isso, em âmbito nacional, 2 milhões de pessoas deixaram o campo entre 2000 e 2010.


Em ritmo um pouco mais lento, mas ainda assim superior à média nacional, a região Centro-Oeste é a segunda que cresce mais rápido, com média anual de 1,91%, alavancada pelo agronegócio e pelo inchaço de Brasília (cuja população se expandiu 2,28% ao ano na última década)


Palmas-TO foi a capital que mais cresceu no Brasil, a uma taxa anual de 5,21%, seguida de Boa Vista-RR (3,55%), Macapá-AP (3,46%), Rio Branco-AC (2,82%), Manaus-AM (2,51%) e Porto Velho-RO (2,5%). Porto Alegre-RS foi a capital que menos cresceu (0,35%). O aumento demográfico em São Paulo-SP e no Rio de Janeiro-RJ se deu na mesma proporção (0,76%).

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As populações das regiões Sudeste e Nordeste cresceram a um ritmo anual abaixo da média nacional: 1,05% e 1,07%, respectivamente. Fernando Albuquerque diz que, não fosse a ainda relevante migração de nordestinos, o crescimento da região estaria mais distante daquele visto no Sudeste. Em termos absolutos, essas duas regiões são as que têm o maior peso no incremento populacional: 13,3 milhões de novos habitantes na última década, isto é, 63,4% do total do aumento da população nacional no período.

População envelhecida

O Censo 2010 aponta ainda que o ritmo do incremento populacional na última década dependeu do crescimento da população adulta, dadas as taxas de fecundidade decrescentes. De acordo com os pesquisadores do IBGE, se confirmadas as tendências de queda nas taxas de mortalidade e fecundidade, o processo de envelhecimento irá avançar no país.

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Entre 1991 e 2010, a participação relativa da população com idade igual ou superior aos 65 anos aumentou mais de 54%, subindo de 4,8% para 7,4%. No extremo oposto da pirâmide etária, a proporção dos mais jovens diminuiu. Em 1991, as pessoas com até 14 anos de idade representavam 34,7% da população nacional, ao passo que em 2010 o índice foi de 24,1%.
A Região Norte é a mais jovem do país, pois em 1980 o nível de fecundidade ainda era elevado – a média estava acima dos seis filhos por cada mulher. O Nordeste vive processo semelhante, embora sua estrutura etária seja um pouco mais envelhecida. Em contrapartida, as regiões Sul e Sudeste, onde as taxas de fecundidade começaram a cair a partir da década de 1960, são as que possuem a maior proporção de idosos.

“A cada Censo a expectativa de vida vem aumentando. É um processo que não tem retrocesso, porque a tendência é que a mortalidade decline cada vez mais”, afirma Albuquerque.







domingo, 24 de abril de 2011

O QUE É O ISLAMISMO, ISLÃ E MUÇULMANO?


MECA


Perguntas e respostas


O que é islamismo, Islã e muçulmano?

O islamismo é a religião fundada pelo profeta Maomé no início do século VII, na região da Arábia. O Islã é o conjunto dos povos de civilização islâmica, que professam o islamismo; em resumo, é o mundo dos seguidores dessa religião. O muçulmano é o seguidor da fé islâmica, também chamado por alguns de islamita. O termo maometano às vezes é usado para se referir ao muçulmano, mas muitos rejeitam essa expressão - afinal, a religião seria de devoção a Deus, e não ao profeta Maomé.




De onde vem o termo Islã?

Em árabe, Islã significa "rendição" ou "submissão" e se refere à obrigação do muçulmano de seguir a vontade de Deus. O termo está ligado a outra palavra árabe, salam, que significa "paz" - o que reforça o caráter pacífico e tolerante da fé islâmica. O termo surgiu por obra do fundador do islamismo, o profeta Maomé, que dedicou a vida à tentativa de promover a paz em sua Arábia natal.

GRAVURA REPRESENTANDO O PROFETA MAOMÉ

Todos os muçulmanos são árabes?

Esta é uma das mais famosas distorções a respeito do Islã. Na verdade, o Oriente Médio reúne somente cerca de 18% da população muçulmana no mundo - sendo que turcos, afegãos e iranianos (persas) não são sequer árabes. Outros 30% de muçulmanos estão no subcontinente indiano (Índia e Paquistão), 20% no norte da África, 17% no sudeste da Ásia e 10% na Rússia e na China. Há minorias muçulmanas em quase todas as partes do mundo, inclusive nos EUA (cerca de 6 milhões) e no Brasil (entre 1,5 milhão e 2 milhões). A maior comunidade islâmica do mundo vive na Indonésia.

MESQUITA NA INDONÉSIA


As raízes do islamismo são conflitantes com as origens do cristianismo e judaísmo?

Não. Assim como as duas outras grandes religiões monoteístas, as raízes do islamismo vêm do profeta Abraão. O profeta Maomé, fundador do islamismo, seria descendente do primeiro filho de Abraão, Ismael. Moisés e Jesus seriam descendentes do filho mais novo de Abraão, Isaac. Abraão, o patriarca do judaísmo, estabeleceu as bases do que hoje é a cidade de Meca e construiu a Caaba - todos os muçulmanos se voltam a ela quando realizam suas orações.

KAABA

Os muçulmanos acreditam num Deus diferente?

Não, pois Alá é simplesmente a palavra árabe para "Deus". A aceitação de um Deus único é idêntica à de judeus e cristãos. Deus tem o mesmo nome no judaísmo, no cristianismo e no islamismo, e Alá é o mesmo Deus adorado pelos judeus, cristãos e muçulmanos.


Como alguém se torna muçulmano?

Não é preciso ter nascido muçulmano ou ser casado com um praticante da religião. Também não é necessário estudar ou se preparar especialmente para a conversão. Uma pessoa se torna muçulmana quando proferir, em árabe e diante de uma testemunha, que "não há divindade além de Deus, e Mohammad é o Mensageiro de Deus". O processo de conversão extremamente simples é apontado como um dos motivos para a rápida expansão do islamismo pelo mundo. A jornada para a prática completa da fé, contudo, é muito mais complexa. Nessa tarefa, outros muçulmanos devem ajudar no ensinamento.

Os muçulmanos praticam uma religião violenta ou extremista?

Uma minoria entre os cerca de 1,3 bilhão de praticantes da religião é adepta de interpretações radicais dos ensinamentos de Maomé. Entre eles, a violência contra outros povos e religiões é considerada uma forma de garantir a sobrevivência do Islã em seu estado puro. Para a maioria dos seguidores do islamismo, contudo, a religião muçulmana é de paz e tolerância.

O Islã oprime a mulher?

A base da religião muçulmana não determina qualquer tipo de discriminação grave contra a mulher. No entanto, as interpretações radicais das escrituras deram origem a casos brutais. A opressão contra a mulher é comum nos países que seguem com rigor a Sharia, a lei islâmica, e têm tradições contrárias à libertação da mulher. Assim, o problema da opressão à mulher muçulmana não é causado pela crença islâmica em si - ele surgiu em culturas que incorporaram tradições prejudiciais às mulheres. Um ótimo exemplo disso é o fato de que o uso de véus e a adoção de outros costumes que causam estranheza no Ocidente muitas vezes são mantidos por mulheres mesmo quando não há nenhuma obrigação. Ou seja: os hábitos estão integrados às culturas, não necessariamente à religião.
MULHER MUÇULMANA CHICOTEADA POR VENDER COMIDA



Os muçulmanos são mais atrasados do que os povos ocidentais?

Durante séculos, as civilizações do Islã foram muito superiores às ocidentais. A combinação de idéias orientais e ocidentais provocou grandes avanços na Medicina, Matemática, Física, Arquitetura e Artes, entre outras áreas. Muitos elementos importantes para o avanço do homem, como os instrumentos de navegação marítima e os sistemas algébricos, surgiram no Islã. Nos últimos séculos, contudo, os povos do ocidente conquistaram a supremacia das novas descobertas. A religião islâmica não pode ser apontada como origem do abismo crescente entre algumas potências do Ocidente e alguns países subdesenvolvidos do Islã. O fundamentalismo muçulmano, contudo, é visto por muitos especialistas como enorme barreira ao avanço destes povos orientais.

O Islã é um obstáculo para a democracia?

Os especialistas se dividem em relação a esse assunto. Para muitos, a religião e cultura islâmica formou sociedades em que os princípios democráticos não ganham espaço nem atraem as pessoas. Quem acredita nessa linha de pensamento consideram que é inútil tentar impor regimes democráticos no Islã - a própria população não estaria disposta a abraçar a mudança. Mas outros analistas dizem que o islamismo não impede o florescimento da democracia, e que os países muçulmanos têm ditaduras e monarquias por causa de outros fatores. Seja qual for a explicação, o fato é que as democracias são raras no Islã: só a Indonésia, a Turquia e Bangladesh têm esse tipo de regime.




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MUNDO ÁRABE-PROTESTOS










Direto de Beirute

A onda de protestos que agita o mundo árabe há quatro meses, e que viu duas revoluções serem consumadas no Egito e Tunísia, expôs a importância que terá o Islã político na nova ordem democrática na região. Parceiros de liberais seculares e comunistas nos levantes populares em vários países, os islamistas serão fundamentais na consolidação das mudanças políticas no Oriente Médio, segundo disseram analistas.

EGITO-MAPA

Receosos no início, os países ocidentais, especialmente os Estados Unidos e europeus, apoiaram mudanças pró-democracia no Egito e Tunísia, e vêm dando apoio aos rebeldes na Líbia que tentam derrubar o líder Muammar Kadafi, há 42 anos no poder. Entretanto, o crescimento de movimentos islâmicos variados, de moderados aos mais conservadores, e a falta de nitidez de suas agendas sócio-políticas preocupa os governos ocidentais.


MANIFESTAÇÕES NA TÚNISIA

No Egito, muitos grupos, como a Irmandade Muçulmana, mais moderada, e os movimentos Salafistas, mais conservadores, ainda não deixaram claro como participarão da vida política no país. Muitos egípcios temem um Estado baseado em uma forma mais conservadora do Islã.

CONFLITOS NO EGITO

Na Tunísia, grupos islamistas desejam maior participação no processo democrático, mas parte da população ainda não sabe que tipo de governo querem: se secular ou baseado na religião.



Entre os rebeldes líbios que lutam contra as forças leais a Kadafi, há muitos que se consideram islamistas, inclusive vários jihadistas que treinaram no Afeganistão com militantes da Al-Qaeda, de Osama Bin laden. Eles alegam, no entanto, que não possuem a mesma visão extremista da organização terrorista e disseram a diversos jornalistas internacionais que estavam agradecidos ao Ocidente pela ajuda contra Kadafi.



SITUAÇÃO POR PAÍS

REVOLUÇÃO
MUDANÇAS NO GOVERNO
CONFLITO ARMADO
GRANDES PROTESTOS
PEQUENOS PROTESTOS

Segundo o analista político Ayman el-Amir, da prestigiada revista semanal egípcia Al Ahram, liberais secularistas e os ocidentais estão desconfiados com as intenções dos partidos islamistas. "Mas ser islâmico não quer dizer ser conservador, e só o tempo dirá se egípcios e tunisianos poderão ter uma democracia lado a lado com partidos islâmicos mais conservadores", disse.

Ele explica que diferente de outros movimentos, os partidos islamistas são mais propensos a uma única ideologia que, geralmente, os coloca em conflito com forças mais liberais da sociedade. "O desafio que atualmente enfrentam é se eles ficarão presos aos seus dogmas e tentarão dominar o atual momento de mudanças sócio-políticas ou aceitarão fazer parte de um campo mais amplo de idéias", disse el-Amir.

Islã político

De acordo com o analista, os movimentos islâmicos estão em todos os países que hoje também passam por levantes populares - Síria, Jordânia, Iêmen e Bahrein -, além de Marrocos e Argélia, que também passam por pequenos protestos de sua populações.

"O fator islâmico está presente em todos estes países e não pode ser ignorado nem colocado à margem, já que o Islã político faz parte da sociedade árabe e pode ser um importante aliado na consolidação da democracia na região se as forças moderadas e o diálogo prevalecerem".

Por décadas, muitos destes movimentos sofreram repressões e prisões, como no Egito e Tunísia. Agora eles sabem que com a liberdade vem as responsabilidades com o novo cenário político", completou el-Amir.

O colunista político egípcio Hani Shukrallah explicou que os levantes árabes foram movimentos nacionalistas que reuniram liberais e islamistas em prol de uma causa: liberdade e democracia. "No Oriente Médio se diz que Islã e política estão inseparáveis. Mesmo alguns liberais secularistas em vários países árabes possuem uma ligação com religião - sejam eles cristãos ou islâmicos. No caso do Islã, a questão não é se vai ter função em determinar o futuro da região, mas qual papel terá", disse Shukrallah.

Para ele, embora as velhas ideologias ainda existam, os movimentos islamistas passam por mudanças e conflitos entre a velha guarda e jovens islâmicos mais liberais e que desejam ver o Islã tendo um papel justo e eficaz.

"Um exemplo é a Irmandade Muçulmana do Egito, que vem vivendo um confltio interno entre os jovens mais moderados e liberais e os velhos líderes mais conservadores".

Um grupo que preocupa os movimentos seculares no Egito, Tunísia e outros países são os Salafistas, grupo influenciado pela Árabia Saudita e adeptos de uma visão mais estrita do Islamismo, que prega uma sociedade mais conservadora e com leis baseadas na sharia (lei islâmica).

Ocidente
Cristãos Coptas no Egito, cerca de 10% da população de 80 milhões do país, temem que um aumento do poder da Irmandade Muçulmana e Salafistas no país poderia colocá-los em rota de colisão com suas agendas mais conservadoras.

Mas com a Irmandade passando por transformações e divergências internas entre liberais e conservadores, são os Salafistas que permanecem como uma incógnita. Alguns deles declaram que respeitarão as diferentes visões e uma sociedade pluralista.

Para Shukrallah, é muito cedo para analisar se liberais e islamistas conseguirão ou não resolver as diferenças fundamentais e chegar a um ponto em comum nas demcoracias que emergirem no mundo árabe. "Mas eles são parte do jogo e o Ocidente deve entender isso e não marginalizá-los".

Segundo ele, a influência das potências ocidentais é limitada no que ao alcance dos corações e mentes dos movimentos políticos na região. E o melhor que o Ocidente tem a fazer é deixar que esse processo de engajamento entre forças liberais e islamistas no mundo árabe aconteça sem sua interferência.

"Ao invés disso, o que deveria acontecer uma iniciativa de união entre estas diferentes ideias, sem a mão da velha guarda de ambos os lados e do Ocidente, para que as revoluções não sejam sequestradas ou sabotadas por grupos extremistas".

sábado, 23 de abril de 2011

LÍBIA ??????

QUAIS SERIAM OS VERDADEIROS MOTIVOS???



Líbia - território e economia. Situada no norte da África, tendo Argélia, Egito e Tunísia como vizinhos, a Líbia possui hoje cerca de 6,5 milhões de pessoas. A grande maioria vive na faixa costeira, banhada pelo mar Mediterrâneo, onde há ocorrência de chuvas e possibilidade de desenvolver a agricultura. Ali estão também as grandes cidades, como a capital Trípoli e Benghazi. O petróleo, descoberto em 1959, responde por mais de 90% das exportações. Desde 1969, com o golpe de Estado liderado pelo então jovem coronel do exército, Muamar Kadafi, constituiu-se no país, uma república de partido único, comandada com mão de ferro pelo governante.



O PIB per capita é elevado (13,8 mil dólares), mas a distribuição dos petrodólares pela população é desigual. Há pobreza e precariedade nas cidades e o desemprego está na casa dos 30%. Assim como no caso do ditador Hosni Mubarak, derrubado do poder no Egito, a família de Kadafi possui recursos e investimentos em diferentes setores dentro e fora do país e teria fortuna acumulada em torno de 70 bilhões de dólares.




A Líbia é composta por três antigas províncias do Império Otomano: Cirenaica, a leste, primeiro espaço dos conflitos atuais, dotado de grandes reservas de petróleo; Tripolitânia, onde está a capital Trípoli, trincheira final de Kadafi, e Fezzan, área desértica de baixa densidade demográfica no sul-sudoeste e reduto de povos tuaregues. De maioria sunita, emerge no país a questão tribal. São centenas de grupos: árabes, berberes arabizados, toubous, tuaregues nômades e semi-nômades, além de comunidades estrangeiras como as de turcos e egípcios, criando fidelidades ou rivalidades em função das origens tribais, e não propriamente por nuances políticas ou religiosas.



Para se perpetuar no poder, Kadafi sempre manteve as Forças Armadas fracas e desunidas. Muitos dos batalhões são formados por linhagens tribais. É em função de aspectos como esse que se assistiu nos últimos dias inúmeras deserções de militares, sendo que muitos passaram a cerrar fileiras ao lado dos revoltosos e ajudaram a tomar cidades do leste, como Benghazi. No século XVI, o território passou para as mãos do Império turco otomano, situação que perdurou até 1911. A região foi invadida pela Itália, no contexto do neocolonialismo, cuja ocupação se efetivou após 1934. A independência do país ocorreu em 1951, mudando sua face e seu destino em 1959, com a descoberta de jazidas de petróleo. Em 1969, Kadafi chegou ao poder, na esteira do Pan-arabismo lançado por Gamal Abdel Nasser, líder egípcio. Além de governar o país com mão de ferro ao longo de décadas, sufocando e reprimindo qualquer tentativa de oposição, Kadafi levou a Líbia a um tortuoso percurso no cenário internacional. Além do apoio - incluindo fornecimento de armas - a grupos como o Exército Republicano Irlandês (IRA) e o grupo separatista ETA (Espanha), o governo líbio teve envolvimento direto em atos terroristas no Oriente Médio e na explosão de um jato da Pan Am, em 1988, em Lockerby, na Escócia, matando os 270 passageiros. Esse quadro levou ao aumento da tensão, em especial com os Estados Unidos, que lideraram sanções econômicas contra a Líbia na década de 1980 e o bombardeio de Trípoli e Benghazi, sob o argumento de que era preciso destruir campos de treinamento de terroristas. A ONU impôs amplo embargo ao país em 1992, envolvendo restrições ao tráfego aéreo, ao comércio de armas e às relações diplomáticas. A partir de 2003, mediante multa em dinheiro e reconhecimento da autoria do atentado em Lockerby, propugnados pelo Conselho de Segurança da ONU, passou a haver distensão nas relações do Ocidente com os líbios, em especial em função do interesse no petróleo. Na pauta, esteve também o compromisso de Kadafi de combater o fundamentalismo islâmico. Portanto, em função desses interesses, o déspota seguiu governando com a anuência do Ocidente, num regime desprovido dos elementos mais básicos de cidadania e liberdades democráticas. As implicações geopolíticas e econômicas de uma intervenção militar EUA-OTAN contra a Líbia são de grande alcance. A Líbia está entre as maiores economia petrolíferas do mundo, com aproximadamente 3,5% das reservas globais de petróleo, mais do dobro daquelas dos EUA.


A "Operação Líbia" faz parte de uma agenda militar mais vasta no Médio Oriente e na Ásia Central, a qual consiste ganhar controle e propriedade corporativa sobre mais de 60 por cento da reservas mundiais de petróleo e gás natural, incluindo as rotas de oleodutos e gasodutos. "Países muçulmanos incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iémen, Líbia, Egito, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte a metodologia da estimativa".


O petróleo é o "troféu" das guerras conduzidas pelos EUA-OTAN. Uma invasão da Líbia sob um pretexto humanitário serviria os mesmos interesses corporativos da invasão de 2003 e subsequente ocupação do Iraque. O objetivo subjacente é tomar posse das reservas de petróleo da Líbia, desestabilizar a National Oil Corporation (NOC) e finalmente privatizar a indústria petrolífera do país, nomeadamente transferir o controle e propriedade da riqueza petrolífera Líbia para mãos estrangeiras. A National Oil Corporation (NOC) está classificada entre as 25 maiores 100 companhias de petróleo do mundo. A planejada invasão da Líbia, a qual já está em curso, é parte da "Batalha pelo petróleo" mais vasta.

Aproximadamente 80 por cento das reservas de petróleo da Líbia estão localizadas na bacia do Golfo de Sirte da Líbia Oriental. (Ver mapa abaixo) A Líbia é uma economia valiosa. "A guerra é bom para os negócios". O petróleo é o troféu das guerras efetuadas pelos EUA-OTAN.

Confira a lista das nove primeiras, conforme o valor de mercado:

1 – Exxon Mobil (EUA) – 512*
2 – Shell (Holanda) – 264
3 – Petrobras (Brasil) – 235
4 – BP (Reino Unido) – 231
5 – Total (França) – 198
6 – Chevron (EUA) – 197
7 – Eni (Itália) – 145
8 – Conoco Philiphs (EUA) – 141
9 – Repsol (Espanha) – 44

sexta-feira, 15 de abril de 2011

BRICS- IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO MUNDIAL







SANYA, CHINA - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que integram o grupo dos Brics, reivindicaram hoje maior supervisão para os mercados de commodities e para os fluxos de capitais. O objetivo é estimular o debate com as grandes economias do mundo sobre o tema. As autoridades representantes do grupo alertaram que os países em desenvolvimento enfrentam riscos causados pela entrada de capital provocada pelas políticas monetárias frouxas das nações desenvolvidas.



"O excesso de volatilidade nos preços das commodities, particularmente em alimentos e energia, impõe riscos para a recuperação econômica mundial", disse o documento. "A regulação dos mercados derivativos de commodities deve ser, dessa forma, fortalecida para evitar atividades capazes de desestabilizar os mercados".

Brics querem medidas contra volatilidade nos preços de alimentos e energia

Mas ao contrário de alguns países desenvolvidos, como França e Alemanha, que pregam um mecanismo de controle nos preços de produtos alimentícios disfarçando suas próprias intenções protecionistas, a presença nos BRICS de grandes produtores de alimentos, como o Brasil, ou de petróleo, como a Rússia, fez o grupo focar no combate à especulação financeira – com maior regulação em mercados futuros de commodities, como derivativos - e no aperfeiçoamento dos cálculos de estoques como as principais armas contra a alta nas cotações.

- Precisamos combater a volatilidade nos preços agrícolas – afirmou o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. Além dele, participaram da cúpula dos BRICS a presidente Dilma Rousseff, o presidente da China, Hu Jintao, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, e o presidente da África do Sul, Jacob Zuma. O assunto é controverso nos BRICS e opõe produtores como o Brasil e a Rússia de consumidores e importadores, como China, Índia e África do Sul.



Os países do bloco criticaram também a “ameaça dos grandes fluxos de capitais” para os países emergentes, cujas taxas de juros, maiores do que as dos países desenvolvidos, atraem grande volume de recursos em busca de ganhos rápidos, provocando desequilíbrio na cotação das suas moedas. Os cinco países condenaram a forma lenta que o sistema financeiro internacional vem conduzindo as prometidas reformas que vão garantir mais segurança ao sistema como um todo, uma decisão que o G-20 havia tomado logo após a crise econômica ter se espalhado pelo planeta.

"Apelamos a uma maior atenção diante dos riscos que representam os fluxos em massa de capitais internacionais sobre as economias emergentes", diz o comunicado. Parte desse processo, dizem os países, será facilitado com mudanças no comando dos organismos multilaterais de crédito, como FMI e Banco Mundial. Para evitar que seu discurso fosse interpretado como um libelo contra os países ricos – durante o encontro a rede estatal de TV chinesa CCTV exibiu um programa que perguntava se os BRICS eram uma ameaça aos países desenvolvidos – a presidente Dilma Rousseff tratou de destacar o caráter “neutro” do grupo.

- A agenda dos BRICS não se define por oposição a nenhum outro grupo. Queremos agregar – afirmou Dilma. - Somos a favor de um mundo multipolar, sem hegemonias nem zonas de influência.

Os países tocaram na questão cambial, mas apenas para defender as discussões sobre diversificar o uso do dólar como referência nas transações internacionais e a ampliação da cesta de moedas usadas pelo FMI em suas operações financeiras.

Para especialistas e diplomatas envolvidos nas negociações, o maior trunfo do grupo dos BRICS é servir como uma oportunidade de coordenação dos principais países emergentes para assuntos levantados nas discussões do G-20, o grupo de maiores economias do planeta.

- Trata-se de um grupo de convergência. Se não houver convergência, o diálogo já é o bastante – disse um diplomata brasileiro que encabeçou as conversas em Sanya.

Ou seja, o grande trunfo do grupo é permitir que seus membros saibam de antemão qual a posição que terão sobre temas polêmicos, antes que entrem em cena as economias desenvolvidas, cujo poder de pressão financeira nas grandes discussões econômicas mundiais é inevitável. Como não é um mecanismo formal de negociação, as conversas costumam ser mais abertas.

A entrada da África do Sul nos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), que será oficializada na próxima quinta-feira durante a reunião de cúpula, serve para reforçar o bloco como um expressivo fórum de países emergentes. Mas essa adesão, resultado do convite chinês, também evidencia grandes diferenças internas do grupo.

Maior e mais diversificada economia do continente, com Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) na casa de US$ 350 bilhões, a África do Sul está longe do patamar dos quatro gigantes emergentes dos Brics. Os sócios originais, com PIBs acima de um trilhão de dólares, são também candidatos a potências mundiais, donos das maiores taxas de crescimento e atores influentes no comércio internacional.

Apesar disso, diplomatas lembram que o sócio africano, 32ª economia do mundo, consagra a dimensão global do grupo. Nesse sentido, o quinto membro dos Brics representa a porta de entrada na África, confirmando o fórum como mais importante agrupamento de emergentes.

G-20

O G-20 (Grupo dos Vinte), que representa 90% do PIB mundial e 2/3 da população global, foi criado como consequência da crise financeira asiática de 1997, com o intuito de reunir as maiores economias avançadas e emergentes para discutir estratégias de estabilização do mercado financeiro global.

Estabelecido em 1999, o G-20 reúne países economicamente avançados (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido, bem como a União Europeia) e países emergentes considerados sistemicamente importantes (Brasil, África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, China, Coreia, Índia, Indonésia, México, Turquia e Rússia), além do FMI e do Banco Mundial.

Desde sua criação, o G-20 realiza reuniões anuais dos Ministros de Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais, a fim de discutir medidas para promover a estabilidade financeira mundial e alcançar crescimento e desenvolvimento econômico sustentável. O Secretário de Assuntos Internacionais é o representante suplente do Ministro da Fazenda nas reuniões do G-20.

Em 2008, o Brasil exerceu a presidência do Grupo G-20. Na ocasião, coube à Secretaria de Assuntos Internacionais (SAIN) a organização de todos seus eventos, no Brasil e no exterior. Além de ser responsável pelos aspectos de logística, a SAIN, por meio da unidade do Secretariado do G-20, teve ação igualmente focada na definição de agendas, elaboração de documentos a serem discutidos e preparação de sumários das reuniões.

Que países fazem parte do G8?

Integram o G8 a França, os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha, a Itália, o Japão, o Canadá e a Rússia. Enquanto os seis primeiros participaram de todos os encontros desde 1975, o Canadá juntou-se aos demais no ano seguinte. Já a Rússia foi formalmente admitida apenas em 2006, quando sediou a primeira reunião do G8 em seu território. O país, entretanto, já participava das conversas desde 1994, e foi aos poucos sendo recebido pelos outros sete, como um reconhecimento pelo esforço em abandonar a antiga economia socialista e implantar reformas democráticas.

Ao contrário do que se pensa, o G8 não reúne as oito maiores economias do mundo, e sim as auto-proclamadas oito mais industrializadas nações democráticas. Daí a ausência da China, cujo PIB supera os de Alemanha, Reino Unido, França, Itália , Canadá e Japão (2011). E a inclusão da Rússia, cuja economia regula com a de países como o Brasil, a Índia e o México. Com um representante em cada reunião desde 1977, a União Européia (antiga Comunidade Européia) é considerada um nono membro do seleto clube, mas participa apenas das discussões econômicas - nunca das políticas.




terça-feira, 12 de abril de 2011

IDH - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO






Brasil está em 73 º lugar no IDH



De acordo com o relatório, educação foi apontada como principal problema O Brasil ocupa o 73 º no ranking de 169 nações segundo relatório do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

A lista é encabeçada pela Noruega, seguida de Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Irlanda. Os cinco últimos são Zimbábue, República Democrática do Congo, Niger, Burundi e Moçambique. O documento, intitulado “A Verdadeira Riqueza das Nações: Vias para o Desenvolvimento Humano”, foi divulgado nesta quinta-feira, em Nova York. O índice brasileiro é de 0,699, o que situa o país entre os de alto desenvolvimento humano, assim como em 2009. A média mundial é 0,624. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano, o resultado é parecido com o do conjunto de países da América Latina e Caribe (0,704). Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. São considerados três aspectos essenciais: conhecimento (medido por indicadores de educação), saúde (medida pela longevidade) e padrão de vida digno (medido pela renda). Mudanças - Por causa de mudanças na forma de calcular o índice, o novo IDH do Brasil não pode ser comparado com o de anos anteriores, informa o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Para poder fazer a comparação, os dados brasileiros dos últimos dez anos foram recalculados com base na nova metodologia. Por esse recálculo, o Brasil ganharia quatro posições e registraria crescimento de 0,8% no índice. Em 2010, com a nova metodologia, o IDH brasileiro foi de 0,699, numa escala de 0 a 1. Em 2009, com a metodologia antiga, o Brasil ocupava a 75ª posição no ranking, com IDH de 0,813. Segundo o relatório deste ano, o IDH do Brasil apresenta "tendência de crescimento sustentado ao longo dos anos". Os dados mostram que rendimento anual dos brasileiros é de US$ 10.607, e a expectativa de vida, de 72,9 anos. A escolaridade é de 7,2 anos de estudo, e a expectativa de vida escolar é de 13,8 anos. A educação foi apontada como principal problema no relatório. Na última década, a expectativa de vida dos brasileiros cresceu 2,7 anos, a média de escolaridade, 1,7 ano e os anos de escolaridade esperada recuaram em 0,8 ano. A renda nacional bruta teve alta de 27%. De acordo com o economista Flávio Comim, do Pnud, o IDH brasileiro vem crescendo igualmente nas três dimensões analisadas - saúde, educação e renda. O relatório também destaca o "sucesso econômico recente" do Brasil. Mas, segundo o texto, 8,5% dos brasileiros são pobres e "sofrem privação" em saúde, educação e renda. O item que mais preocupa é a educação. "O que mais pesa na pobreza é a educação. O novo IDH mostra que é necessário dar mais importância à educação no Brasil", afirma Comim. IDH do Brasil está abaixo da média da América Latina e é inferior ao do Peru, diz ONU . De acordo com o ranking anual de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) realizado pela ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil, com nota de 0,699, obteve uma nota abaixo da média da América Latina, que foi de 0,704. A média brasileira, no entanto, ainda é superior à mundial, que alcançou 0,624. . O Chile é o país latino-americano mais bem colocado, no 45º lugar e nota de 0,783, seguido pela Argentina (46º). Na América Latina, o Brasil também aparece atrás de Uruguai (52º), Panamá (54º), México (56º), Trinidad e Tobago (59º). Costa Rica (62º) e Peru (63º).


TAREFA :
1-QUAL A PRINCIPAL DIFERENÇA ENTRE O IDH DE 2009 E 2010 ?
2- QUAIS FORAM AS PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ?
3- QUAIS OS TRÊS PAÍSES QUE APRESENTAM OS MELHORES IDH DO MUNDO ?
4- QUAIS OS PAÍSES DA AMÉRICA LATINA, QUE APRESENTAM O IDH, MELHORES QUE O DO BRASIL ?
5- EM QUAL INDICADOR O BRASIL , TEVE SEU PIOR DESEMPENHO ?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

AQUÍFERO GUARANI E ALTER DO CHÃO

RECURSOS HÍDRICOS


1 ORIGEM E DENOMINAÇÃO As regiões do aquífero compunham um deserto pré-histórico. Com o passar do tempo, os ventos acumularam grandes depósitos arenosos (na Bacia Sedimentar do Paraná), representando um extenso campo de dunas que foi recoberto por um dos mais volumosos episódios de vulcanismo intracontinental do planeta, cuja lava solidificada originou a Formação Serra Geral, que vem a ser uma capa protetora do Aquífero Guarani. Esses mecanismos geológicos é que originaram as rochas (formações geológicas), em cujos poros armazenam-se as águas do Aquífero Guarani. O termo Guarani foi sugerido pelo geólogo Danilo Antón em uma conversa informal com os colegas Jorge Montaño Xavier e Ernani Francisco da Rosa Filho, geólogos da Universidad de la Republica do Uruguai e Universidade Federal do Paraná, respectivamente, em 1994, e aprovado com o respaldo dos quatro países em uma reunião em Curitiba, em maio de 1996. O objetivo era unificar a nomenclatura das formações geológicas que formam o aquífero, e que recebem nomes diferentes nos quatro países e, simultaneamente, prestar uma homenagem aos índios guaranis que habitavam a área de sua ocorrência, na época do descobrimento da América.
2 GEOGRAFIA
O Guarani é um dos maiores aquíferos do mundo, cobrindo uma superfície de quase 1,2 milhões de km². Está inserido na Bacia Geológica Sedimentar do Paraná, localizada no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e constitui a principal reserva de água subterrânea da América do Sul, com um volume estimado em 46 mil km³. A população atual na área de ocorrência do Aquífero Guarani está estimada em aproximadamente 29,9 milhões de habitantes. Nas áreas de afloramento a população é de cerca de 3,7 milhões de pessoas (12,5 % do total). Do total de sua área (1.195.500 km²), 12,8% estão representados pelas zonas de afloramento, ou seja, 153 mil km² (ANA, 2001), sendo que 67,8% (104 mil km³) localizam-se no Brasil; 30,1%, no Paraguai e 2,1%, no Uruguai. Até o presente momento não foram identificadas áreas de afloramento na Argentina. A área do Guarani, na Argentina, é de 225.500 km²; no Paraguai é de 71.700 km²,; no Uruguai é de 58.500 km² , e no Brasil é de 840 mil km² (ARAÚJO et al., 1995), espalhando-se pelo subsolo de oito estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) num total de 70,2% da área total do aquífero. A área de ocorrência do Guarani caracteriza-se por concentrar as zonas agropecuárias mais importantes de cada país. Além disso, a região caracteriza-se por terras férteis e solos com altos índices de produtividade onde são desenvolvidas as culturas de soja, milho, trigo, cevada, sucro-alcooleira, etc., e com excelente potencial de desenvolvimento da pecuária de corte de grande diversidade de raças, além de uma indústria bastante diversificada, destacando-se a automobilística e a de beneficiamento de produtos agropecuários (agroindústria - frigoríficos, laticínios).

3 USO DO AQUÍFERO GUARANI O uso mais intensivo das águas extraídas do Guarani está concentrado em território brasileiro, com uma maior diversidade de aplicações (abastecimento público, turismos termal, irrigação, etc.). Já, nos demais países, o principal uso se baseia no hidrotermalismo com fins recreativos e de hidroterapias.
4 VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO GUARANI O Aquífero Guarani sendo constituído por arenitos relativamente permeáveis, devido à sua origem fundamentalmente eólica, apresenta na sua zona de recarga a maior vulnerabilidade à contaminação. A vulnerabilidade do Guarani diminui à medida que a formação se aprofunda e adquire condições de confinamento, subjacente aos basaltos da Formação Serra Geral. Um dos principais problemas existentes com relação à exploração das águas do Guarani é o risco de deterioração do aquífero, em decorrência do aumento dos volumes explotados e do crescimento das fontes de poluição pontuais e difusas.5 CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA O Aquífero Guarani é constituído de várias rochas predominantemente arenosas, que foram sedimentadas em ambiente flúvio-lacustres e eólicas do Triássico e do Jurássico. Os estratos do Triássico encontram-se na base do aquífero e correspondem às unidades correlatas às Formações Pirambóia e Rosário do Sul, no Brasil e Buena Vista, no Uruguai. Os estratos do Jurássico encontram-se no topo do aquífero e correspondem às unidades correlatas da Formação Botucatu (no Brasil), Misiones (no Paraguai) e Tacuarembó (no Uruguai e na Argentina).
6 CARACTERÍSTICAS GERAIS
O Guarani é um aquífero do tipo poroso e confinado por cerca de 90% da sua área total. Ele encontra-se recoberto pelas espessas camadas de rochas basálticas da Formação Serra Geral. De acordo com Araújo etal. (1995), a espessura total do Aquífero Guarani varia de valores superiores a 800 metros (Alegrete, RS) até a ausência completa em áreas internas da bacia (Muitos Capões, RS). O confinamento do aquífero impõe condições de surgência natural (artesianismo) a partir de algumas dezenas de quilômetros de distância das áreas de afloramento. A explotação da água através de poços profundos permite a extração por unidade de captação de até 1.000.000 L/h (1.000 m³/h), como por exemplo, em um no município de Pereira Barreto (SP), (GUALDI, 1999). Nas áreas de maior confinamento, as águas do Guarani não são, sem tratamento, adequadas para o consumo humano devido ao elevado teor de sólidos totais dissolvidos, bem como por causa de uma concentração elevada de sulfatos e presença de flúor acima dos limites recomendáveis. Segundo Araújo etal. (1995), a temperatura média da água do manancial é de 25ºC a 30oC, podendo alcançar temperaturas mais elevadas que variam de 30 e 68ºC.



Aquífero Alter do Chão tem água suficiente para abastecer população mundial
Uma enorme dimensão física formada por fauna, flora, rios e diversos ecossistemas, componentes fundamentais de manutenção do equilíbrio dinâmico da Terra e de relevância estratégica para toda a humanidade: não é de hoje que a região amazônica atrai olhares do mundo inteiro. A biodiversidade da maior floresta tropical do planeta é tida como uma fonte inestimável de possibilidades econômicas à espera de estudos e descobertas. E é nesse cenário que se localiza o Aquífero Alter do Chão, uma reserva com cerca de 86,4 quatrilhões de litros de água subterrânea, suficiente para abastecer a população mundial em cerca de 100 vezes. É isso mesmo: 86,4 quatrilhões de litros de água potável, localizados em uma formação geológica sob os Estados do Amazonas, Pará e Amapá. Esse número impressionante foi obtido com base em pesquisas realizadas pelo professor André Montenegro Duarte, do Instituto de Tecnologia, da Universidade Federal do Pará. “Os poços da pesquisa de petróleo perfurados pela Petrobras, por exemplo, foram fontes importantes de informação, porque, sendo bastante profundos, fornecem indicações sobre a espessura dos aquíferos. Já com os poços para abastecimento, chegamos a parâmetros hidrogeológicos fundamentais para se ter ideia do volume e da produtividade de água do Alter do Chão”, explica o orientador da pesquisa, professor Francisco Matos. Cerca de 40% do abastecimento de água de Manaus é originário do aquífero Alter do Chão, como também é o caso de Santarém e de outras cidades situadas sobre a Bacia Sedimentar Amazônica. Protegida da contaminação O aquífero é um tipo de formação geológica capaz de armazenar e liberar a água. Há outras unidades que podem armazenar, mas não permitem que a água que está dentro delas seja utilizada. Para fazer uma analogia, o aquífero seria como uma esponja, como as que servem para lavar louças em casa. A esponja fica cheia d’água, mas se ela for movimentada ou pressionada, a substância é liberada. O nome Alter do Chão se dá em referência a uma das mais belas praias do País, situada na região de Santarém. Segundo Francisco Matos, a existência desse aquífero já é conhecida na literatura da área desde a década de 50. “Ainda não temos uma avaliação exata sobre a sua real extensão e a quantidade de água que contém. A novidade da pesquisa de André Montenegro é, justamente, o valor apontado de 86,4 quatrilhões de litros de água, que é, realmente, uma coisa fabulosa em termos de reserva”, ressalta o professor Francisco Matos. As águas subterrâneas representam a maioria das águas no mundo. “Se você pensar, por exemplo, no caso da Amazônia, as águas visíveis, ou seja, as contidas nos rios, lagos, chuvas, representam 16% do total existente, enquanto 84% correspondem à água subterrânea”, explica o professor. Isso quer dizer que os aquíferos são grandes depósitos de água de qualidade, pois as águas subterrâneas são muito mais protegidas do que as águas superficiais, uma vez que estão menos sujeitas a processos externos de contaminação. É assim que os aquíferos da Amazônia, na relação que estabelecem com as outras formas de ocorrência de água, dentro do chamado ciclo hidrológico, agregam grande valor ambiental, econômico e estratégico. Além do Alter do Chão, outro aquífero importante na região é o denominado Pirabas, situado em profundidades entre 100 e 120 metros. Ele oferece água de excelente qualidade na Região Metropolitana de Belém e é responsável por, aproximadamente, 20% do abastecimento público. No Brasil, há outros aquíferos importantes, como é o caso do Guarani, considerado o maior aquífero nacional . No Nordeste, estão os aquíferos Urucuia (BA), Serra Grande(PI) e Cabeças (MA).VALOR ESTRATÉGICO DA RESERVA Extrapolando o contexto amazônico e analisando o contexto mundial, a água é um recurso que, em grande parte do planeta, está se tornando escasso. Do total de água existente no mundo, 97,5% são de águas que se encontram nos oceanos, ou seja, água salgada, restando apenas 2,5% de água doce, dos quais, 1,75% se encontra em calotas e geleiras polares. Sobra, portanto, tão somente 0,75% que ainda precisa ser repartido entre cerca de sete bilhões de pessoas (total de habitantes da Terra). 1- COMO ACONTECE A FORMAÇÃO DOS AQUÍFEROS?
2-EXISTEM OUTROS AQUÍFEROS NO BRASIL, ALÉM DE ALTER DO CHÃO E DO GUARANI? QUAIS SÃO? ONDE ESTÃO LOCALIZADOS ?3-QUAIS A PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E DIFERENÇAS ENTRE OS MAIORES AQUÍFEROS DO MUNDO?
4- ESTRATEGICAMENTE COMO VOCÊ ANALISA A POSIÇÃO DO BRASIL EM RELAÇÃO AOS RECURSOS HÍDRICOS EM COMPARAÇÃO COM OUTROS PAÍSES E QUAIS CUIDADOS DEVEM SER CONSIDERADOS DE FORMA GLOBAL?
TAREFA :