sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A LEI DAS COTAS SOCIAIS, ABRE UM NOVO CAMINHO.

faroldenoticias.com.br
Com a nova Lei sancionada sobre as cotas sociais, os vestibulandos terão que investir realmente nos estudos.Como professora do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, percebo que nos últimos anos, os alunos estão lendo menos , estudando na véspera das avaliações, as pesquisas onde a internet seria uma das fontes para a atividade , fazem o famoso , Ctrlc / Ctrlv e ainda alunos e alguns pais ficam indignados pelo fato do professor não aceitar as dez, vinte páginas que foram impressas . Outros ainda digitam as perguntas e selecionam qualquer resposta e a tarefa está feita.

A internet é uma fonte excelente para pesquisa, só que precisamos ( pais e professores), orientá-los para que possam realizar uma aprendizagem significativa.
repertoriocriativo.com.br

O nosso grande desafio é incentivar nossos alunos para a prática da leitura, da interpretação, dos questionamentos diante das dúvidas, a formação de grupos de estudos e todos os meios para enfrentarem a concorrência nos próximos vestibulares, lembrando ainda que não podemos permitir que deixem tudo para o último ano, pois o foco de muitos estará na formatura, nos passeios, nas baladas , nas festinhas programadas em sala de aula.
Tenho certeza que teremos alunos mais centrados , buscando adquirir conhecimentos, lendo várias fontes para estarem atualizados com todos os acontecimentos no Brasil e no mundo.
Seremos num futuro próximo, qualificados e reconhecidos como um país que investe em educação.

A NOVA ECONOMIA DO NORDESTE.


Um país emergente chamado Nordeste

O Nordeste brasileiro vive o maior período de desenvolvimento de toda a sua história, com índices de crescimento comparáveis aos verificados na China. O volume de investimentos e quantidade de empreendimentos em execução ou em projetos são de tirar o fôlego. Dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Nordeste (BNB) revelam que a região registrou, no período 2004/2008, uma taxa média anual de crescimento de 19,5%, passando a apresentar, já em 2009, crescimento de 132%. Em 2010, o crescimento da economia nordestina foi de 7,8%, superior à do Brasil (7,6%).

Outro indicador do desenvolvimento da região é o Produto Interno Bruto (PIB), que vem crescendo muito acima da média nacional. De acordo com o BNB, em 2005, enquanto o crescimento do PIB brasileiro era de 3,2%, o do Nordeste atingia a casa dos 5,9%. No ano seguinte, o índice de crescimento nacional foi de 4%, contra 4,5% para o Nordeste. O ano de 2007 foi ligeiramente desfavorável para a região, cujo PIB cresceu 5,6% contra 6,1% do Brasil como um todo. Mas em 2008, o Produto Interno Bruto do Nordeste voltou a crescer, com 5,5% para a região, contra 5,2% do índice nacional, em comparação ao ano anterior. Naquele ano, o PIB da região foi de R$ 420,1 bilhões, superando o de países como Chile, Singapura e Portugal.

Em 2009, como resultado da crise econômica mundial e da retração dos investimentos no Brasil e no exterior, o Produto Interno Bruto nacional sofreu uma retração de 0,6%, segundo o BNB. Foi o primeiro resultado negativo da atividade econômica brasileira desde 1992, ano do impeachment do ex-presidente Fernando Collor. Apesar da queda, o Brasil obteve um excelente resultado se comparado a nações como os Estados Unidos, com queda de 2,4%, e dos países da Zona do Euro, que mostraram recuo médio de 4,1%. No mesmo ano, o PIB do Nordeste teve queda de -1,0%.

No entanto, superados os momentos mais difíceis da crise mundial, a região retomou a curva de crescimento, com índices de crescimento excepcionais atingidos em 2010, quando o PIB chegou a 8,3% de crescimento, segundo o Boletim Conjuntura Econômica, publicado pelo Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), vinculado ao BNB. No mesmo ano, o crescimento do PIB nacional foi de 7,5% de crescimento, em relação ao ano anterior.

O ritmo de crescimento do número de empregos formais na indústria da construção civil é outro indicador que confirma o aquecimento da região. Em 2010 foi registrada alta de 27,4% na taxa de ocupação, em relação a 2009, segundo levantamento do IBGE. Na mesma base de comparação, o emprego formal no Brasil cresceu 15,1%.

Para 2011 e 2012, a expectativa é de continuidade de crescimento do PIB do Nordeste, com resultados acima do esperado para o País e incrementos de 5,4% e 5%, respectivamente. Em 2011, a previsão de expansão da economia brasileira é de 5,3% e, no ano seguinte, 4,5%.

Mercado interno impulsiona crescimento
Para o superintendente do Etene, José Narciso Sobrinho, o incremento dos investimentos em infraestrutura – boa parte dos quais está prevista no programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal – é um dos principais fatores que têm levado a região a crescer acima da média brasileira. Nunca se investiu tanto em infraestrutura ou no parque industrial na região quanto agora.

“O Nordeste tem recebido importantes investimentos em infraestrutura e no setor produtivo, a exemplo das refinarias, ferrovias e rodovias, transposições de bacias e os complexos portuários de Suape, Pecém e Itaqui. A expansão dos programas sociais e do salário mínimo também são fatores a serem considerados. Dessa forma, o crescimento do Nordeste tem sido estimulado pelo mercado interno”.

Jose Narciso Sobrinho refere-se a programas sociais como o Bolsa Família, que influenciaram no continuado crescimento do consumo das famílias. Esse mercado interno, no entanto, ainda tem muito o que crescer, o que faz com que a região seja vista por muitos economistas como uma das mais promissoras do mundo ocidental. Cerca de 30% da população brasileira vive na região Nordeste e grande parte desta população ainda está fora do mercado consumidor.

Já a intensificação dos investimentos privados refletiu diretamente no aumento das operações de crédito a pessoas jurídicas, com atração significativa de investimentos e geração de milhares de novos empregos. As operações de crédito visaram, sobretudo, a aquisição de máquinas e equipamentos. Houve ainda uma extraordinária expansão das importações de bens de capital.

Segundo o gerente da área de macroeconomia do Etene, Airton Saboya, o Ceará é um dos Estados cuja economia apresenta preponderância de indicadores com variações acima da média regional. O crescimento da indústria e do volume de vendas do comércio varejista são alguns destes indicadores. Respectivamente, cresceram 12,9% e 16,9% no Ceará, contra 11% e 12,6% na Região.

Mantendo o ritmo
Em seu primeiro encontro com governadores do Nordeste, desde a sua eleição para a Presidência da República, Dilma Rouseff anunciou investimentos da ordem de R$ 120 bilhões para o Nordeste até 2017. O anúncio trouxe alento para governadores e investidores da região, que temiam que as medidas adotadas para promover o ajuste fiscal implicassem na redução dos investimentos que têm possibilitado o crescimento econômico da região.

Dos R$ 120 bilhões previstos, cerca de R$ 64 bilhões deverão ser desembolsados até 2014, ainda dentro do mandato da presidente. Entre os principais projetos estão a continuidade das obras da transposição do Rio São Francisco, a recuperação da malha rodoviária federal, as obras ligadas à Copa do Mundo de 2014 e as novas refinarias da Petrobras.

Dilma Roussef declarou, durante o XII Fórum dos Governadores do Nordeste, realizado em Sergipe, que a continuidade dos investimentos é parte de um projeto estratégico para fomentar o desenvolvimento, promover a inclusão social na região e acabar com a pobreza nos nove estados nordestinos.

Ela afirmou ainda que pretende fomentar um processo de crescimento econômico na região com índices acima do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que situa-se num patamar de 7% ao ano. Para reduzir as fortes desigualdades existentes, o Nordeste deve continuar crescendo acima da média nacional. Dilma Rouseff enfatizou a importância da manutenção de investimentos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Minha Casa, Minha Vida, os investimentos preparativos para receber a Copa do Mundo em 2014, e o PAC II, especialmente na parte social e urbana. Prometeu apoio aos investimentos privados na região, investimentos estruturantes como a distribuição de água, além de medidas como a reestruturação do Ministério da Integração Nacional, com uma secretaria específica para a questão dos recursos hídricos, além da concentração de investimentos no semiárido.

Onde investir no Nordeste
Uma das motrizes desse ciclo de desenvolvimento nordestino, o estado de Pernambuco acumulou uma expansão do PIB de 15,78% num só ano. Em 2010, o PIB estadual foi de R$ 87 bilhões. Os investimentos públicos do Estado cresceram 2,5 vezes nos últimos quatro anos. A forte expansão econômica elevou a renda per capita do Estado a quase R$ 10 mil, acima da média do Nordeste, de R$ 7.488, mas ainda inferior à renda nacional, de R$ 15.990. A criminalidade, por sua vez, caiu 25% em quatro anos.

No período 2004/2008, os recursos destinados à infraestrutura totalizaram, em média, 0,85% do PIB, com ênfase nas participações dos segmentos de transporte terrestre (50%) e eletricidade (28%). Os investimentos destinados à indústria representaram 0,59% do PIB do estado, dos quais 30%, igualmente, direcionados aos setores de equipamentos de transporte e químico, no qual se destaca a cadeia de resina politereftalato de etileno (PET).

O complexo Portuário de Suape tem importância emblemática para o desenvolvimento econômico do estado. Os investimentos previstos para a área nos próximos quatro anos, parte dos quais com recursos do PAC, são de aproximadamente R$ 2,6 bilhões. Além dos recursos federais, estão previstos investimentos do Tesouro do Estado e do próprio complexo em obras de dragagem, construção de novos atracadouros, acessos rodoviários e ferroviários.

Ainda este ano, serão realizadas licitações para a construção, na retro área do complexo, de três novos terminais, sendo um ferroviário, um para contêiner e o terceiro para minérios. Ainda com foco em Suape, há projetos para a construção de uma refinaria, uma petroquímica e a expansão do Estaleiro Atlântico Sul.

Bem mais que axé e acarajé
Na Bahia, a maior parte dos desembolsos realizados pelo BNDES no período 2004/2008 foi destinada à indústria – uma média de 1,27% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual –, com ênfase nos recursos destinados aos segmentos de papel e celulose (56%), e químico (20%), este último com participação relevante na economia local em função do polo petroquímico de Camaçari.

No mesmo período, os recursos destinados à infraestrutura equivaleram, em média, a 0,98% do PIB, com destaque para os setores eletricidade (49%), e serviços de transporte terrestre (42%).

No Ceará, representaram, em média, 1,14% do PIB estadual no período 2004/2008, sendo 61% destinados à infraestrutura, nos setores de serviços de transporte terrestre e eletricidade, e 32% à indústria, com direcionamentos sobretudo aos setores de calçados (43%), alimentação e bebidas (34%). Em 2009, os financiamentos do BNDES no estado alcançaram 3,16% do PIB, dos quais 81% foram direcionados à infraestrutura, com destaque para os desembolsos no setor de eletricidade impulsionados por empréstimos para a construção de usinas termelétricas, e 16% à administração pública.

Para os próximos anos estão previstos investimentos associados a projetos de grande porte em vários estados, dentre os quais duas refinarias, uma no Maranhão e outra no Ceará, uma siderúrgica, a continuidade das ferrovias Transnordestina, Norte-Sul, Leste-Oeste e Carajás, além da construção de um polo naval em Pernambuco e na Bahia, que devem consolidar ainda mais o desenvolvimento industrial da região.

No que diz respeito ao parque industrial, grandes investimentos para a região encontram-se em estudo pelo Banco do Nordeste, dentre os quais se destacam as fábricas da Perdigão e Sadia, em Pernambuco, e diversos empreendimentos nos portos do Pecém, no Ceará, e de Itaqui, no Maranhão.

Saneamento e qualidade de vida
Além de fortes investimentos em logística, energia e parque industrial, o Nordeste pode se transformar, nos próximos anos, em um grande canteiro de obras de saneamento, uma das suas principais carências. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009, realizada pelo IBGE, somente 33,8% da população nordestina – cerca de 5,2 milhões de domicílios – são atendidos pelo serviço de rede coletora ou por fossa séptica. Para o setor, estão sendo destinados cerca de R$ 7,7 bilhões do PAC 1 e outros R$ 2 bilhões estão previstos no PAC 2.

Das obras do PAC 1, R$ 7,3 bilhões foram efetivamente contratados. Entre as maiores obras está a ampliação do sistema de esgotamento sanitário para o emissário submarino de Salvador e da região metropolitana. Avaliada em R$ 260 milhões, já tem 98% concluídos e vai beneficiar cerca de 1,1 milhão de pessoas.

Já na lista do PAC 2 figuram projetos como a ampliação do sistema de esgotamento sanitário em Fortaleza, a expansão do sistema de abastecimento de água de Maceió e o saneamento integrado na Bacia do Rio Camaçari, na Bahia.

Veja a seguir tabela com os principais investimentos em execução no Nordeste, classificados por setor e em ordem decrescente por valor de investimentos previstos, com base na pesquisa encomendada pela Sobratema – Principais Investimentos nas Áreas de Infraestrutura e Indústria. A pesquisa indica a existência de mais de 9.500 obras de grande porte, identificadas em todo o Brasil, num horizonte até 2016.

Nordeste brasileiro em números
9 Estados;
1.793 municípios;
1,5 milhão de km² (NE/BR: 20%)
3.300 km de litoral;
51,6 milhões de habitantes (NE/BR: 27,6 %).
PIB de US$ 93,6 bilhões (NE/BR: 12,8 %).
PIB per capita de US$ 1,856.72
18 terminais marítimos
18 aeroportos, 9 internacionais
405.396 km de rodovias
8.231 km de ferrovias
27.767.129 kW de capacidade instalada de energia

Fonte : Revista Grandes Construções.


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Metas demográficas e o Cairo + 20.

Metas demográficas e o Cairo + 20, artigo de José Eustáquio Diniz Alves

população mundial

[EcoDebate] Existe um tabu em relação à ideia de metas demográficas. Este tabu é justificável, pois regimes autoritários já colocaram em prática metas de crescimento ou controle da população, com efeitos desastrosos. Ao longo da história, o genocídio sempre foi utilizado como uma arma de guerra. O caso mais dramático do uso da manipulação demográfica e de prática eugênicas ocorreu no Nazismo, quando Hitler incentivava o crescimento demográfico das raças arianas e promovia o controle ou a eliminação de raças indesejadas (vide o Holocausto e a solução final contra os judeus). Em termos de controle da população, um dos casos mais draconianos é o que ocorre atualmente, pois a China tem uma política de filho único que tem gerado grandes violações aos direitos reprodutivos e provocado o fetocídio feminino e o femicídio de crianças. Como resultado prático, a China possui grande desequilíbrio na razão de sexo da população e um grande déficit de mulheres.

Mas ao longo da história, os casos mais frequentes são aqueles de manipulação pró-natalista em favor da grandeza populacional e econômica das nações. O mais consolidado lema dos dirigentes da América Latina sempre foi “governar é povoar”. Capitalistas, militares e religiosos sempre foram a favor de uma população grande com oferta ilimitada de mão-de-obra e jovens para servir de bucha de canhão nas guerras “patrióticas”. Praticamente todos os hinos nacionais falam em “morrer pela pátria” e defendem os territórios conquistados. O controle de um grande mercado interno é o sonho de todos capitalistas, militares e nacionalistas.

Durante a maior parte da história, a humanidade deu prioridade ao crescimento populacional. Isto acontecia porque as taxas de mortalidade eram altas e as sociedades se organizavam para que as mulheres casassem cedo e tivessem muitos filhos, durante o período reprodutivo que era abreviado pelas altas taxas de mortalidade materna e pela baixa esperança de vida.

Porém, tudo mudou com a transição demográfica, que começou com a queda nas taxas brutas de mortalidade e pelo grande aumento da esperança de vida. Como existe um hiato entre a queda da mortalidade e da natalidade, sempre ocorre um período de aceleração da população.

Mas as taxas de fecundidade do mundo começaram a cair e passaram de 5 filhos por mulher em 1950 para 2,5 filhos por mulher em 2010. Metade da população mundial já está com taxas de fecundidade abaixo do nível de reposição. E o mais importante foi que isto aconteceu, em geral, em um quadro de liberdade e de auto-determinação reprodutiva, respeitando-se os direitos reprodutivos. De regra, quanto maior é o grau de cidadania de um país, menor são as taxas de fecundidade.

A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em setembro de 1994, na cidade do Cairo, no Egito, aprovou o Plano de Ação (PoA) – valido por 20 anos – que se tornou uma referência fundamental para as políticas de população e para os direitos sexuais e reprodutivos em todo o mundo. Os parágrafos 3.14 e 3.15 colocam claramente que a queda da fecundidade é fundamental para garantir a erradicação da pobreza, para o aumento da qualidade de vida e para a proteção do meio ambiente; colocando também a necessidade de estabilização da população:

3.14 Estão se fortalecendo mutuamente os esforços para diminuir o crescimento demográfico, para reduzir a pobreza, para alcançar o progresso econômico, melhorar a proteção ambiental e reduzir sistemas insustentáveis de consumo e de produção. Em muitos países, o crescimento mais lento da população exigiu mais tempo para se ajustar a futuros aumentos demográficos. Isso aumentou a capacidade desses países de atacar a pobreza, proteger e recuperar o meio ambiente e lançar a base de um futuro desenvolvimento sustentável. A simples diferença de uma única década na transição para níveis de estabilização da fecundidade pode ter considerável impacto positivo na qualidade de vida. 3.15 O crescimento econômico sustentado é essencial, no conceito de desenvolvimento sustentável, para a erradicação da pobreza. A erradicação da pobreza contribuirá para reduzir a velocidade do crescimento demográfico e para se chegar de imediato, a uma estabilização da população”.

Mas a despeito desta meta demográfica, a população mundial que era de 5,6 bilhões de habitantes, em 1994, deve chegar a 7,2 bilhões em 2014. Portanto, segundo a divisão de população da ONU, em 20 anos, a população mundial terá crescido 1,6 bilhões de habitantes. Isto é mais do que todo o crescimento da história da humanidade até o ano de 1900. Evidentemente, é impossível manter este crescimento exponencial em um Planeta finito. Esta é uma questão que o processo de revisão da CIPD do Cairo + 20 não pode ignorar.

As taxas de fecundidade no mundo cairam pela metade entre 1950 e 2010. Se a parcela minoritária de países que estão com fecundidade muito elevada promoverem a redução da fecundidade para o nível de reposição (2,1 filhos por mulher), então a estabilização da população mundial poderá ocorrer antes de 2050. O crescimento populacional até 8 bilhões de habitantes já está encomendado, devido à inércia demográfica. Mas a estabilização pode vir antes dos 9 bilhões de habitantes, se o tamanho médio das famílias ficar em torno de 2 filhos. Em 1990-95 a taxa de fecundidade do mundo era de 3,1 filhos por mulher e deve ficar em 2,45 no quinquênio 2010-15. Portanto, falta pouco para se chegar ao nível de reposição.

A auto-limitação da população humana representa uma mudança da prioridade do crescimento quantitativo para a prioridade no crescimento da qualidade de vida. Trata-se de fazer a opção da prosperidade sem crescimento, ou seja, ao invés de ter muitos filhos, os casais trocam a quantidade de filhos pela qualidade dos filhos. Do ponto de vista microeconômico, famílias menores possibilitam filhos com maiores níves de educação, mulheres com maior inserção produtiva na vida pública e maior mobilizadade social ascendente. Do ponto de vista macroeconômico, a queda da fecundidade cria um bônus demográfico que possibilita maiores investimentos na qualidade de vida e na proteção social.

A estabilização da população é considerada fundamental para a estabilização da economia mundial. Se a população mundial se estabilizasse, por exemplo, em torno de 9 bilhões de habitantes durante o terceiro milênio, então o foco passaria ser no modelo de produção e consumo para tornar possível a sustentabilidade desta população, em harmonia com a natureza e as outras espécies do Planeta.

O crescimento das atividades antrópicas tem provocado uma grande degradação do meio ambiente. Além da poluição dos rios, lagos, oceanos e do solo, milhares de espécies são extintas todos os anos. Estabilizar a população e o consumo humano é fundamental para salvar o meio ambiente e possibilitar a recurperação dos ambientes degradados. A legislação internacional tornou o genocídio um crime contra a humanidade. Agora falta tornar o ecocídio um crime contra a natureza e o Planeta. Portanto, a estabilização da população mundial e a defesa do meio ambiente são metas que a humanidade precisa abraçar, de forma democrática, livre e com respeito aos direitos humanos, em nome da qualidade de vida não só da humanidade, mas de todos os seres vivos da biodiversidade da Terra.

José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br

EcoDebate, 29/08/2012

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Dilma sanciona lei que cria cota de 50% nas federais

29/08/2012 Por

Na semana passada, a declaração do ministro da Educação Aloísio Mercadante já deixava fortes indícios da possível aprovação da polêmica Lei das Cotas. Nesta quarta-feira (29), diferentemente de outras sanções, que costumam ser apenas um despacho burocrático no fim do expediente, a presidenta fez uma pequena cerimônia para anunciar sua decisão.

Vetando apenas um artigo, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei que destina 50% das vagas em universidades federais para estudantes oriundos de colégios públicos.

Segundo a lei, que aguardava a sanção presidencial desde sua aprovação no senado no último dia 7, metade das vagas oferecidas será reservada por critério de rede de ensino, renda familiar e cor. A outra metade será de ampla concorrência.

Quanto a cota racial, esta será diferente em cada universidade ou instituto da rede federal. Estudantes negros, pardos e índios terão o número de vagas reservadas definido de acordo com a proporção dessas populações apontada no censo do IBGE de 2010 no estado em que está a instituição de ensino superior.

O restante das vagas reservadas serão distribuídas entre os alunos que cursaram o ensino médio em escola pública, sendo que no mínimo metade da cota (ou 25% do total de vagas) deverá ser destinada a estudantes que, além de ter estudado em escola pública, sejam oriundos de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio per capita.

As universidades terão até quatro anos para se adaptar à nova lei. Entretanto, em um ano, terão que adotar pelo menos 25% do previsto no texto. Ou seja: as cotas já deverão ser aplicadas nas próximas seleções, no caso das instituições que têm somente um processo seletivo por ano.

Segundo informou Luiza Bairros, ministra da Igualdade Racial, a presidenta fez apenas uma alteração no texto, vetando o artigo 2º. Assim, Dilma determinou que a seleção dos estudantes dentro do sistema de cotas seja feita com base no Enem e não baseando-se no Coeficiente de Rendimento (CR), obtido a partir da média aritmética das notas do aluno no ensino médio.

“A importância desse projeto e o fato de nós sairmos da regra e fazermos uma sanção especial tem a ver com um duplo desafio. Primeiro é a democratização, o acesso às universidades, e segundo o desafio de fazer isso mantendo um alto nível de ensino e a meritocracia”, afirmou Dilma. “O Brasil precisa fazer face frente a esses dois desafios, não apenas um. Nada adianta manter uma universidade fechada e manter a população afastada em nome da meritocracia. De nada adianta abrir a universidade e não preservar a meritocracia”, acrescentou.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

DESMATAMENTO NO CERRADO.

Cerrado: Oeste da Bahia, sul do Piauí e Maranhão, leste do Tocantins e Mato Grosso concentram devastação

Mapa da Destruição do Cerrado
Mapa da Destruição do Cerrado – Infográfico AE.

Desmatamento é maior em 5 Estados – Depois de quase esgotar a biodiversidade do sul do Cerrado, o desmatamento começa a rasgar também as entranhas do norte do bioma. Dados inéditos da Universidade Federal de Goiás (UFG), aos quais o Estado teve acesso com exclusividade, revelam uma migração alarmante da devastação para regiões de grandes remanescentes, como o oeste da Bahia, sul do Piauí e Maranhão, leste do Tocantins e centro-norte de Mato Grosso, onde o Cerrado se mistura com a Amazônia.

Na lista dos 30 municípios que mais desmataram o bioma nos últimos sete anos, 29 são desses cinco Estados, segundo os números do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) do Instituto de Estudos Socioambientais da universidade. Reportagem de Herton Escobar, enviado especial, no O Estado de S.Paulo.

Mato Grosso, sozinho, desmatou 11 mil quilômetros quadrados entre 2003 e 2009, período que foi analisado no estudo. Isso equivale a metade do Estado de Sergipe. Já a Bahia desmatou mais do que um Distrito Federal: 6.200 km².

Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais também aparecem com grandes áreas desmatadas no período, porém distribuídas de forma mais fragmentada. Quase tudo o que sobrou do Cerrado nesses Estados, após 40 anos de ocupação intensa pela agropecuária, foram ilhotas de vegetação nativa, espalhadas entre um oceano de gado e grãos.

Os grandes remanescentes estão quase todos dentro de unidades de conservação, terras indígenas ou áreas onde o relevo é ruim para a agricultura. Muitas dessas áreas de capim também são usadas como pastagens naturais, em que o gado se alimenta do capim nativo. Ou seja: só porque aparecem verdes no mapa, não significa que não estejam ocupadas.

O Parque Nacional das Emas é exemplo desse isolamento: uma ilha verde no sudoeste de Goiás, cercada de lavouras e pastos por todos os lados (mais informações nesta página). O padrão parece estar se repetindo em Mato Grosso, onde terras indígenas começam a ficar isoladas na paisagem.

A situação mais crítica é a de São Paulo. Restam apenas 13% dos 80 mil km² do bioma nativo que originalmente cobria um terço do Estado. Sobraram vários parques e estações ecológicas, mas é preciso uma lupa para enxergá-los no mapa. O resto virou cana, pasto e silvicultura.

A fragmentação é péssima para a biodiversidade, pois muitas espécies não conseguem transitar de uma ilhota a outra. É como se o bioma estivesse “extinto na natureza” e sobrevivesse apenas “em cativeiro”.

PIONEIRISMO

Os dados do Lapig incluem, pela primeira vez, taxas anuais de desmatamento para o Cerrado – algo que já é feito para a Amazônia há mais de 20 anos.

Os números, a princípio, trazem uma mensagem positiva: redução de 63% no ritmo de devastação do bioma no últimos sete anos. Em 2009 foram desmatados 2.997 km², comparado a 8.172 km² em 2003. Todos os Estados que fazem parte do bioma registraram quedas significativas, apesar de algumas oscilações no meio do caminho.

O diretor do Lapig, Laerte Ferreira, porém, não vê motivo para comemorar. “O que os números mostram é que a ocupação do Cerrado continua. O bioma continua extremamente ameaçado”, afirma.

As estatísticas concordam com a previsão pouco animadora feita no início do ano por seu colega, Manuel Ferreira, de que o Cerrado poderá perder 40 mil km² de vegetação nativa por década até 2050.

Entre 2003 e 2009, sumiram 36.610 km². Os três municípios que mais desmataram nesse período foram Formosa do Rio Preto (2.066 km²), Correntina (1.067 km²) e São Desidério (990 km²), todos no extremo oeste da Bahia, uma área de forte expansão agrícola.

A situação fica caótica quando se leva em conta o desmatamento anterior a 2002. A soma dos dados, feita pelo Estado, mostra que mais da metade do bioma já desapareceu ou foi alterada desde a década de 70, quando a agricultura e a pecuária começaram a marchar com mais força na região.

A área total desmatada é de 835 mil km², igual a três vezes o Estado de São Paulo mais um Rio de Janeiro e um Espírito Santo. Isso equivale a 41% do bioma, que originalmente cobria um quarto do País. Outros 230 mil km², uma área do tamanho de Rondônia, são usados como pastagens naturais. Quando isso é levado em conta, a área ocupada do Cerrado sobe para 1,06 milhão de km² ou 52% da área original. Duas vezes o tamanho da Espanha.

Grande parte desse desmatamento foi feito na base do “correntão”, sistema pelo qual uma corrente gigante é ligada a dois tratores e arrastada sobre o cerrado, derrubando tudo pelo caminho. Depois era só juntar a madeira, tocar fogo e vender o que sobrava como carvão.

“Trinta anos atrás, o correntão era ensinado em sala de aula. Era uma técnica agrícola”, lembra a agrônoma Leonor Assad, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Hoje ainda é usado, mas em menor escala. Virou sinônimo de destruição em massa da natureza.

Os dados sobre o que aconteceu de 2002 em diante são tão recentes que os pesquisadores ainda não tiveram tempo de analisá-los a fundo. Não sabem, por exemplo, qual é a explicação para o sobe e desce das taxas anuais. É provável que estejam associados a fatores de mercado e flutuações nos preços de commodities (soja, carne, milho), a exemplo do que ocorre na Amazônia.

“A Amazônia e o Cerrado precisam ser vistos como um binômio, como duas partes de um mesmo sistema. O que afeta um, afeta o outro também”, defende Ferreira. Outro fator que precisa ser levado em conta é o geográfico. “O filé mignon do Cerrado já foi ocupado. São as áreas mais planas e mais próximas aos mercados consumidores.” Ou seja: o desmatamento pode estar caindo só porque deixou de ser um bom negócio.

O desafio dos cientistas agora é qualificar esse desmatamento mais recente, mapeando o uso que foi dado a cada hectare desmatado. Até 2002, a pecuária era a atividade que mais havia devastado o Cerrado: 542 mil km² (quase uma Bahia), comparado a 216 mil km² convertidos para a agricultura. “Só saber o que foi desmatado não basta; temos de saber o destino que foi dado a essas áreas”, diz Ferreira.

EcoDebate, 28/09/2009

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

COLECIONADOR DE FNM.

Empresário de Pilar do Sul, SP, coleciona caminhões 'FeNeMê'

Osvaldo Strada tem 20 veículos e é considerado o maior colecionador.
Entre as peças, um caminhão que pertenceu ao presidente Kubitschek.

Do G1 Itapetininga e Região

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A paixão pelos caminhões transformou o empresário Osvaldo Strada, de Pilar do Sul (SP), em um dos maiores colecionadores do país. Mas a coleção conta com apenas um tipo de veículo: os caminhões FNM que fizeram sucesso entre os anos de 1950 e 1970.

Os chamados popularmente de ‘FeNeMê’ fizeram parte história automotiva brasileira e também do Brasil. Os veículos eram feitos na Fábrica Nacional de Motores (FNM), uma empresa brasileira criada para produção de motores aeronáuticos, mas que se transformou em fábrica de automóveis. Ela começou a funcionar em 1942 e fechou as portas em 1979. Foram produzidos cerca de 30 mil caminhões.

Um dado curioso é que os caminhões recebiam as iniciais da empresa. Como em alguns estados, como nordeste, a pronúncia do alfabeto é diferente, o FNM se tornou ‘FeNeMê’.

Com o fim da produção, muitos caminhões acabaram se deteriorando com o tempo. Outros viraram objeto de desejo nas mãos de colecionadores com Osvaldo Strada. Ele conta que herdou a paixão pelos veículos do pai. “Meu pai era caminhoneiro e só tinha caminhão FNM. Lembro de passar parte da minha infância esperando meu pai chegar de uma viagem. Isso foi bastante marcante”, comenta.

Os caminhões da Fábrica Nacional de Motores fizeram sucesso entre os anos de 1950 e 1970. (Foto: Reprodução TV Tem)Caminhões da Fábrica Nacional de Motores fizeram
sucesso entre 1950 e 1970. (Foto: Reprodução)

O primeiro da coleção foi um FNM 1965 Standart. Segundo o colecionador, o veículo estava indo para o ferro-velho. “Eu fiquei com dó do caminhão. Comprei e restaurei. Daí em diante, não parei mais”, relembra.

No galpão construído apenas para abrigar os veículos estão 20 exemplares. Alguns tiveram donos ilustres como o FNM Standart 1958 que pertenceu ao presidente Juscelino Kubitschek. O veículo foi arrematado em um leilão por R$ 5 mil. Depois de restaurado o valor subiu. Atualmente está avaliado em R$ 200 mil.

Na coleção há ainda outras peças históricas. “Eu tenho, por exemplo, caminhões que foram comprados para construir a atual capital do país, Brasília. Tenho nota fiscal de um deles que foi comprado quando a capital ainda era o Rio de Janeiro, em 1958. Isso acaba se identificando com a história do país”, comenta

Restauração
O trabalho de restauração de cada veículo é acompanhado pelo empresário. Ele montou uma linha completa para recuperar aqueles que chegam destruídos. O responsável pelo serviço de funilaria é o restaurador José Valter Mendonça. Ele explica que o trabalho de restauração é diferente de reforma, por isso, cada detalhe tem que ser observado. “Para fazer o trabalho temos que pesquisar bastante. Na Internet recupero fotos antigas para deixar como se tivesse saído da fábrica”, comenta.

Mas não é apenas a funilaria que passa pela restauração. O motor também é recuperado e todos os veículos funcionam. Mas como as peças não são mais fabricadas, então o jeito foi produzir na própria oficina. O gerente e montador Adalberto Teixeira Santos conta que foram confeccionados moldes de todas as peças necessárias. Assim, quando há necessidade, elas são fundidas. “A gente tem molde de praticamente o caminhão inteiro. O processo é lento e delicado. Para concluir a restauração levamos entre oito e dez meses”, afirma.

O empresário Osvaldo Strada tem 20 caminhões FNM restaurados. (Foto: Reprodução TV Tem)O empresário Osvaldo Strada tem 20 caminhões FNM restaurados. (Foto: Reprodução TV Tem)

DÉFICIT ECOLÓGICO DE 2012.

A humanidade já esgotou seu ‘orçamento’ ecológico para 2012

antropoceno

Um estudo divulgado pela Rede da Pegada de Carbono Global, uma entidade de pesquisa do meio ambiente, e a Fundação Nova Economia (Nef, na sigla em inglês), um “think-tank” com sede em Londres, criadora do “Dia da dívida ecológica”, confirmou que hoje mesmo (22-08) a humanidade acabou com seu orçamento ecológico anual para 2012, e entrou em déficit ecológico. No caso da Espanha, isso aconteceu no dia 22 de abril.

A reportagem é publicada pelo jornal La Vanguardia, 22-08-2012. A tradução é do Cepat.

“Em menos de oito meses, acabamos com todos os recursos que o planeta pode prover e com todo o carbono que pode absorver de forma sustentável”, destaca em um comunicado. Como consequência, no restante do ano “viveremos com o crédito do planeta e de futuras gerações, sobre-explorando os recursos naturais e acumulando carbono na atmosfera”.

No ritmo atual, as pessoas consomem 56% de recursos acima da biocapacidade do planeta, ou seja, para manter o nível atual de consumo seria necessária 1,5 Terra.

O caso da Espanha é ainda mais sangrento. O país esgotou seu orçamento ecológico no dia 22 de abril, assim, se todos os cidadãos do mundo vivessem como um espanhol, seriam necessários três planetas terra.

“Viver acima dos limites ecológicos do planeta não sai grátis”. O déficit ecológico implica custos econômicos. Reduzir as emissões de carbono na atmosfera requer um investimento de 1% a 2% do PIB, em nível global, mas o custo de não fazê-lo oscila de 5% a 20%, entre outras questões. Estas duas organizações reivindicam uma nova economia que leve em conta as pessoas e o planeta.

No entanto, sustenta o relatório, há soluções para cortar o déficit ecológico e econômico de forma simultânea. Segundo estas associações, a resposta à crise passa pela redução do déficit ecológico – os recursos que o planeta pode prover -, e por uma transição para um modelo econômico justo e sustentável, que desenvolva o bem-estar humano no lugar do capital.

“A resposta à crise econômica passa pela redução do déficit ecológico. Sem estabilidade ecológica, não há estabilidade econômica, e não é possível garantir o bem-estar dos cidadãos”, sublinha Aniol Esteban, responsável pela economia ambiental na Fundação. Em seu parecer, a solução passa pela efetuação de uma transição para um modelo econômico justo, sustentável, que desenvolva o bem-estar humano no lugar do capital.

Uma das razões pela qual não se evitou e nem se reduziu o déficit ecológico está em que o sistema econômico “não conta a verdade ecológica e social da atividade econômica humana”. Assim, “apresenta como benefícios o que é uma perda de riqueza. Levar um recurso natural ao colapso como estoques de pesca, aquíferos e bosques, e com ele acabar com uma fonte de alimento, trabalho e riqueza, conta como positivo no Produto Interno Bruto”.

Segundo esta Fundação, os seres humanos necessitam de um planeta e de meio para manter o ritmo atual de consumo, mas se todos os cidadãos do planeta vivessem como um espanhol, precisariam de três planetas.

O mesmo relatório reflete que o custo da perda de biodiversidade global, num cenário “business as usual” (seguir como agora), seria de 14 bilhões em 2050 (7% do PIB global desse ano).

A crise não freou a demanda por recursos naturais e, desde 2009, esta tem crescido “embora de forma mais lenta que no período entre 2000 e 2009”. O nível de déficit ecológico dobrou desde 1961.

(Ecodebate, 27/08/2012) publicado pela IHU On-line, parceira estratégica do EcoDebate na socialização da informação.

[IHU On-line é publicada pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]

USINAS HIDRELÉTRICAS

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As hidrelétricas brasileiras

Entre as formas de aumentar a participação da energia hidráulica na matriz energética brasileira destaca-se o aproveitamento do potencial da Amazônia, considerado uma das melhores soluções para assegurar o suprimento de energia elétrica no período 2005-2020.

A geração hidráulica é responsável por cerca de 40% da oferta interna de energia no Brasil — percentual ligeiramente superior ao do petróleo e do gás natural somados (37%) — e por mais de 90% do suprimento de eletricidade no país. Somente cerca de 25% do total do potencial hidrelétrico brasileiro (de aproximadamente 261 mil megawatts) corresponde a usinas em operação, o que indica que a participação da energia hidráulica na matriz energética brasileira deverá aumentar, sobretudo em razão do aproveitamento do potencial da Amazônia, considerado uma das melhores soluções para assegurar o suprimento da demanda de energia elétrica no período 2005-2020. O país possui 403 usinas em operação e 25 em construção, além de mais de 3.500 unidades registradas no Sistema de Informação do Potencial Hidrelétrico Brasileiro (instrumento desenvolvido pela divisão de Recursos Hídricos e Inventário da Eletrobrás), em fases diversas de avaliação ou planejamento. No rio Paraná, situa-se a maior usina do mundo, a Itaipu Binacional, empreendimento conjunto do Brasil e do Paraguai, com potência instalada de 12.600 megawatts (MW). As bacias brasileiras com maior potencial hidrelétrico são a do Paraná (59.183MW) e a do Amazonas (105.440MW).

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A primeira exploração de energia hidráulica no Brasil realizou-se em 1889, quando foi instalada a usina Marmelos no rio Paraibuna, em Minas Gerais. O grupo Light, primeiro grande grupo estrangeiro a se constituir no país, instalou em 1911 no rio Tietê, em São Paulo, a Usina Hidrelétrica Parnaíba, e foi responsável pelo projeto e instalação de grande parte das usinas hidrelétricas do país na fase inicial do setor. Na década de 1930, o governo adotou uma série de medidas para deter o processo de concentração do setor elétrico, então dominado pela Light e pelo grupo American & Foreign Power Company (Amforp), que se instalou no Brasil em 1927. Com a promulgação do Código de Águas, em 1934, consagrou-se o regime das autorizações e concessões para os aproveitamentos hidrelétricos e foram incorporadas ao patrimônio da União todas as fontes de energia hidráulica situadas em águas públicas de uso comum e dominiais. Pelo Código, as empresas estrangeiras não mais podiam ser concessionárias, mas estavam resguardados os direitos daquelas já instaladas no país. Em 1964, o governo brasileiro comprou as concessionárias do grupo Amforp que operavam no Brasil, e que passaram a ser subsidiárias da Eletrobrás e, em 1979, com a aquisição das ações da Light à multinacional Brascan Limited, concluiu o processo de nacionalização das concessionárias do setor elétrico. A primeira empresa de eletricidade do governo federal foi a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), instituída por decreto-lei de 1945, que marcou o início de uma reorganização do setor, caracterizada pela divisão entre a geração e a distribuição de energia e pela tendência à instalação de centrais de grande porte. Na década de 1950, as empresas brasileiras passaram a participar da construção dos grandes empreendimentos hidrelétricos no país.

Em meados da década de 1990, o governo promoveu uma reestruturação institucional do setor elétrico com a finalidade principal de estimular a participação mais ampla do segmento privado na exploração do potencial hidrelétrico, atividade dominada por empresas de economia mista que tinham como acionistas majoritários os governos federal, estadual ou municipal. Um dos principais instrumentos para atingir esse fim foi a Lei 8.987/95, pela qual regulamentou-se o regime de licitação das concessões, anteriormente restritas às concessionárias estaduais ou federais. A Lei 9.074/95, ao permitir aos grandes consumidores a livre aquisição de energia, que antes tinha de ser feita à empresa geradora da região, isentou-os do monopólio comercial das concessionárias. Criada em 1961 para atuar como holding do setor elétrico, a Eletrobrás e suas quatro empresas regionais (Chesf, Furnas, Eletrosul e Eletronorte) foram incluídas no Programa Nacional de Desestatização, regulado pela Lei 9.491/97. Alguns dos produtos das parcerias estabelecidas com o setor privado, em consonância com o programa, foram as usinas hidrelétricas Serra da Mesa (1.293 MW), no rio Tocantins, que já está em operação, e Itá (1.450 MW), no rio Uruguai, em fase de construção. O órgão regulador do setor elétrico no Brasil é a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autarquia vinculada ao Ministério das Minas e Energia criada pela Lei 9.427/96. Entre suas incumbências, incluem-se a regularização e fiscalização da produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, o controle das tarifas cobradas aos consumidores e a execução de diretrizes governamentais para a exploração da energia elétrica e o aproveitamento do potencial hidráulico.

Vantagens e desvantagens

Nas usinas hidrelétricas, a água do lago (ou reservatório) formado pelo fechamento da barragem é transportada por canais, túneis e/ou condutos metálicos até a casa de força, onde passa por uma turbina hidráulica acoplada a um gerador, no qual a potência mecânica é transformada em potência elétrica; depois de passar pela turbina, a água retorna ao leito natural do rio. A energia é conduzida por cabos ou barras condutoras dos terminais do gerador até o transformador elevador, no qual sua voltagem é elevada para permitir a condução, pelas linhas de transmissão, até os centros consumidores, onde, por meio de transformadores abaixadores, o nível da voltagem é levado aos níveis indicados para utilização.

Em comparação com as alternativas economicamente viáveis, as centrais hidrelétricas são consideradas formas mais eficientes, limpas e seguras de geração de energia. Suas atividades provocam emissão incomparavelmente menor de gases causadores do efeito estufa do que as das termelétricas movidas a combustíveis fósseis, além de não envolverem os riscos implicados, por exemplo, na operação das usinas nucleares (vazamento, contaminação de trabalhadores e da população com material radioativo etc.). Uma descoberta mais recente em favor das usinas hidrelétricas é o método para aproveitamento da madeira inundada, que já vem sendo adotado na usina de Tucuruí, no rio Tocantins.

Por outro lado, a construção e a utilização de usinas pode ter uma série de conseqüências negativas, que abrangem desde alterações nas características climáticas, hidrológicas e geomorfológicas locais até a morte de espécies que vivem nas áreas de inundação e nas proximidades. A construção da usina de Porto Primavera, por exemplo, reduziu a planície de inundação do alto rio Paraná a quase metade dos 809km originais. O desajuste do regime hidrológico afeta a biodiversidade da planície e pode acarretar a interrupção do ciclo de vida de muitas espécies (mais comumente de peixes de grande porte e migratórios) e a multiplicação de espécies sedentárias (de menor valor), o que, conseqüentemente, afeta as populações ribeirinhas que vivem da pesca. Além disso, o represamento do rio e a formação do reservatório, aliado às modificações no ambiente decorrentes da presença do homem (principalmente pelas migrações relacionadas à obra) provocam o desequilíbrio do ecossistema e favorecem a propagação de endemias como a esquistossomose, a malária e o tracoma.

Ao expulsar comunidades de seus locais de origem, a inundação das represas também provoca impactos socioeconômicos de difícil superação, especialmente no caso de populações de baixa renda e que apresentam condições precárias de educação, saúde e alimentação, como ocorreu com a construção do reservatório de Sobradinho, no rio São Francisco, que afetou cerca de setenta mil habitantes — que viviam basicamente da agricultura de vazante, da pesca artesanal e da criação de caprinos —, a maioria dos quais teve grandes dificuldades de adaptação aos locais para onde foram transferidos e à prática de novas atividades para garantir o sustento. A situação é menos complicada quando a população atingida apresenta nível mais elevado de educação formal, como ocorreu em Itaipu. A degeneração de valores etnoculturais é outro risco apresentado pelas atividades que envolvem a instalação de usinas hidrelétricas, mais intenso quando atinge comunidades indígenas — foi o que aconteceu, por exemplo, nas usinas de Balbina (com os Waimiri-Atroari) e Tucuruí (com os Paracanã).

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As preocupações relativas aos efeitos danosos dos empreendimentos hidrelétricos convergem sobretudo para a região amazônica, devido às peculiaridades locais. Em primeiro lugar, a área abriga a floresta amazônica, maior bioma terrestre do mundo, é declarada patrimônio nacional pela Constituição Federal (art. 225), o que torna mais complexas as negociações para instalação de quaisquer empreendimentos que provocam impactos ambientais e culturais. Além disso, é a região onde se encontra a maior parte das comunidades indígenas brasileiras, que pela Constituição Federal não podem ser removidas de suas terras — exceto em casos de catástrofes ou epidemias que ocasionem riscos à sua população, ou para defender a soberania do país (o aproveitamento de recursos hídricos nesses locais só pode ser feito com a autorização do Congresso Nacional, e depois de ouvidas as comunidades implicadas). Adicionalmente, a fragilidade de seus ecossistemas; seu atributo de regulador climático do continente; sua riqueza em minérios e madeira; o fato de ter grande parte de sua extensão ocupada pela floresta tropical úmida (da qual depende seu ciclo hidrológico); e as intensas tensões sociais existentes na região, entre outros fatores, exigem precauções singulares para o aproveitamento do potencial da região.

Algumas das medidas obrigatórias e/ou tradicionalmente adotadas pelos empreendedores para minimizar os impactos negativos da construção de usinas revelaram-se insuficientes ou equivocadas. Por exemplo, nas estações de piscicultura, inicialmente usadas como uma alternativa às construções de escadas de peixes, consideradas caras e ineficazes, e que foram utilizadas por grande número de concessionárias, em muitos casos houve a colocação de espécies erradas em locais inadequados e com a utilização de métodos impróprios, o que invalidou os esforços para preservação da ictiofauna. Vários equívocos também marcaram a utilização de escadas para transposição de peixes — por exemplo, sua instalação em riachos onde só havia espécies sedentárias. Além disso, há indicadores de que as escadas dificilmente seriam eficazes para preservar ou conservar os estoques em presença de barragens em série, como na bacia do rio Paraná. Ainda que alguns rios afluentes sejam áreas propícias para a desova, são necessários locais sazonalmente alagados para o desenvolvimento inicial das grandes espécies migradoras da bacia, e a maioria dessas áreas estão reguladas pelos reservatórios ou foram drenadas para o desenvolvimento agrícola. Em relação às populações expulsas pela inundação do reservatório, foi um erro supor que o simples reassentamento (mesmo com indenização pela desapropriação) seria suficiente para compensar transtornos e prejuízos decorrentes, sem esforços para requalificar a mão-de-obra e programas de assistência médica, educacional e financeira, ao menos no período de adaptação às novas condições.

Entre os problemas por enfrentar incluem-se ainda a carência de metodologias para avaliação adequada de impactos ambientais (mapas temáticos, listagens de verificação, matrizes de interação etc.) e a deficiência de mecanismos para articular a atuação dos empreendedores com as instituições responsáveis pela política econômica e social das regiões atingidas e para garantir a participação dos grupos afetados na tomada de decisão desde a fase inicial do ciclo de planejamento da geração hidroelétrica (que compreende a estimativa do potencial, o inventário, o estudo de viabilidade, o projeto básico e o projeto executivo). Em dois dos países com maior capacidade instalada de geração hidráulica, Estados Unidos e Canadá, a sociedade participa da própria definição dos termos de referência dos Estudos de Impacto Ambiental (EIAs).

Especialistas apontam como providências imprescindíveis para minimizar alguns dos efeitos adversos da construção e uso de centrais hidrelétricas o reflorestamento das margens dos reservatórios e de seus afluentes; os programas de conservação da flora e da fauna e implantação de áreas protegidas; o inventário, resgate, relocação e monitoramento de espécies ameaçadas de extinção que ocorriam na área atingida; a avaliação dos efeitos do enchimento dos reservatórios sobre as águas subterrâneas; o monitoramento da qualidade da água; e a realização de estudos arqueológicos antes do enchimento do reservatório (na usina de Samuel, no rio Jamari, esse procedimento levou ao resgate de fatos históricos da região, que remontam a dez mil anos).

Outro consenso entre os estudiosos é a vantagem de realização de um plano de longo prazo que privilegie, sempre que possível, a abertura em seqüência das bacias de determinada região (por oposição à prática usual de construção de usinas dispersas em bacias distintas). Por esse método, só se iniciaria a exploração de uma bacia após estar quase concluído o aproveitamento de outra da região. Assim, por exemplo, a usina de Belo Monte, no rio Xingu, só seria construída após a implementação da maioria dos aproveitamentos do médio Tocantins; a bacia do Tapajós só seria explorada após estar quase esgotado o potencial do Xingu, e assim por diante. Além dos benefícios ambientais — sobretudo o gerenciamento mais eficaz dos ecossistemas —, esse sistema acarreta uma série de benefícios econômicos, como a otimização do aproveitamento de estradas de acesso e sistemas de transmissão.

Entre os diversos instrumentos criados nos últimos anos para ordenar a exploração do potencial hidrelétrico brasileiro e aprimorar as práticas ambientais no setor, alguns dos principais são a Resolução Aneel 393/98 — que estabelece que os detentores de registro de estudos de inventário deverão fazer consulta formal aos órgãos estaduais e federais incumbidos da gestão dos recursos hídricos, e aos órgãos ambientais, para definir os estudos relativos a esses aspectos — e a Lei 9.433, de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. A lei determina a articulação entre a atuação dos empreendedores, os usuários e os setores e órgãos regionais, estaduais e federais responsáveis pelo planejamento de recursos hídricos; estabelece a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas estuarinos e zonas costeiras; e estipula que os valores arrecadados com a cobrança pelo uso de recursos hídricos serão aplicados na bacia em que foram gerados e usados para financiar pesquisas, projetos e obras incluídos nos Planos de Recursos Hídricos. O gerenciamento de bacias hidrográficas por meio da integração e participação dos usuários de suas águas, de representantes dos municípios afetados e da administração federal é feito com sucesso nos Estados Unidos (com a Tennessee Valley Authority) e na França, que foi dividida em seis bacias hidrográficas, cada qual com agência financeira própria, encarregada de cobrar taxas pelo uso das águas e administrar esses recursos. Cada comitê de bacia tem a incumbência de aprovar periodicamente um programa plurianual, o orçamento anual e as tarifas a serem cobradas aos usuários.

Fonte: Sítio Barsa



TAREFA:
1- EXPLIQUE SOBRE O FUNCIONAMENTO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA:

2- PORQUE AS MAIORES PREOCUPAÇÕES POR PARTE DOS AMBIENTALISTAS RESIDEM SOBRETUDO NA AMAZÔNIA?
3- ESCREVA SOBRE A USINA DE BALBINA:
4- EXPLIQUE SOBRE AS VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS USINAS HIDRELÉTRICAS:
5- QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS USINAS HIDRELÉTRICAS DA REGIÃO SUL?


AFEGANISTÃO

O deserto de US$ 1 trilhão

Americanos encontram no Afeganistão uma das maiores
reservas de lítio do planeta. Resta saber se o metal, usado
na fabricação de baterias de carros elétricos e telefones
celulares, será capaz de reerguer o país

André Julião

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FALSO VAZIO
Menina corre no árido solo afegão: tesouro oculto sob o chão

Não bastasse o petróleo, os EUA descobriram o que pode ser uma segunda mina de ouro no Afeganistão – mais precisamente, além de mina de ouro, de ferro, cobre, cobalto, nióbio e lítio. O tesouro está em reservas no solo do deserto afegão, que, juntas, são avaliadas em cerca de US$ 1 trilhão. Segundo o governo americano, a nova riqueza poderia alterar drasticamente a economia do país – baseada no comércio ilegal de drogas – e mesmo a guerra que ocorre desde muito antes da invasão dos EUA, em 2001.

De acordo com um memorando interno do Pentágono, obtido pelo jornal “The New York Times”, a quantidade de metal no solo poderia transformar o Afeganistão na “Arábia Saudita do Lítio”, uma referência ao maior exportador de petróleo do mundo, no Oriente Médio. As reservas afegãs seriam equivalentes às da Bolívia, maior fornecedor mundial. O metal é o principal ingrediente nas baterias recarregáveis usadas em celulares, computadores e carros elétricos.

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OURO BRANCO
Salar de Uyuni, na Bolívia: riqueza
mineral não garante bem-estar

É exatamente aí que reside um dos maiores mercados potenciais do lítio. As versões mais novas das baterias que o utilizam têm metade do peso, o dobro de potência de suas antecessoras de níquel e armazenam o triplo de energia. Graças a esse avanço, já existem carros elétricos com 450 quilômetros de autonomia e que chegam aos 100 quilômetros por hora. O Prius, da Toyota, torna-se cada vez mais popular nos EUA, com um motor a gasolina combinado com outro elétrico. No ano que vem, a GM lança o Volt e a Renault-Nissan o Leaf, ambos totalmente elétricos.

Outro incentivo para o desenvolvimento dessa tecnologia se deu em fevereiro de 2009, quando o presidente Barack Obama assinou o pacote de ajuda para tirar os Estados Unidos da crise econômica mundial. Entre a série de medidas estão previstas concessões fiscais de US$ 2,4 bilhões para a produção de componentes dos carros elétricos. De acordo com a lei, as baterias de lítio recebem a maior parte desse investimento. São US$ 940 milhões em concessões a fornecedores de insumos, fabricantes e recicladores.

“O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”
Renatho Costa, especialista em Oriente Médio

Segundo Renatho Cos­ta, especialista em Oriente Médio e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, levar os dividendos desse mercado à população afegã não é tão fácil. “O país tem um governo extremamente corrupto. É preciso um novo modelo de administração”, diz. Além disso, o grupo armado Talebã, que trava uma guerra contra as forças de ocupação americanas, pode inviabilizar a exploração. “O Afeganistão precisa, antes de tudo, ser pacificado”, afirma.

Além da instabilidade política, deve-se considerar que a mineração não garante lucros em um curto prazo. E que eles não necessariamente melhoram as condições de vida da população. Basta lembrar que a Bolívia detém metade das reservas mundiais de lítio e continua tendo alguns dos piores indicadores sociais do mundo. “O ganho de exploração sobre o minério bruto é muito pequeno. É preciso uma indústria que faça um beneficiamento mínimo”, diz João Zuffo, coordenador do Laboratório de Circuitos Integráveis da Universidade de São Paulo (USP).

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Fonte: ISTO É 2119/ Economia Sustentável