domingo, 31 de julho de 2016

TRÁFICO DE PESSOAS É UM CRIME PARASITA.

Tráfico de pessoas aproveita vulnerabilidade de migrantes e refugiados, diz ONU
O tráfico de pessoas é um crime parasita que se alimenta da vulnerabilidade, prospera em tempos de incerteza e lucra com a inação, alertaram oficiais das Nações Unidas nesta sexta-feira (29), às vésperas do Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas (30).
Tráfico de pessoas é o terceiro crime mais lucrativo do mundo, depois do tráfico de drogas e de armas. Foto: ONU
Tráfico de pessoas é o terceiro crime mais lucrativo do mundo, depois do tráfico de drogas e de armas. Foto: ONU
O tráfico de pessoas é um crime parasita que se alimenta da vulnerabilidade, prospera em tempos de incerteza e lucra com a inação, alertaram oficiais das Nações Unidas nesta sexta-feira (29), às vésperas do Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas (30).
De acordo com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, os traficantes visam aos mais desesperados e vulneráveis. Segundo ele, para acabar com essa prática desumana, “precisamos fazer mais para proteger migrantes e refugiados — particularmente jovens, mulheres e crianças — daqueles que exploram sua esperança por um futuro mais seguro e mais digno”.
“Precisamos administrar a migração de forma segura e baseada em direitos, criar caminhos suficientes e acessíveis para a entrada de migrantes e refugiados, e combater as origens dos conflitos — a pobreza extrema, a degradação ambiental e outras crises que forçam pessoas a atravessar fronteiras, oceanos e desertos”, disse o secretário-geral.
Para o diretor-executivo do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), Yury Fedotov, enquanto a comunidade internacional luta contra a maior crise de refugiados e migrantes desde a Segunda Guerra Mundial, traficantes de pessoas e de migrantes estão tirando vantagens da miséria para obter lucro.
Segundo ele, criminosos se aproveitam de pessoas passando por necessidade e sem apoio, e veem migrantes, especialmente crianças, como alvos fáceis para exploração, violência e abuso. Além disso, conflitos armados e crises humanitárias expõem pessoas presas no fogo cruzado a um maior risco de serem traficadas para exploração sexual, trabalho forçado, remoção de órgãos, servidão e outras formas de exploração, declarou.
Enquanto nem todos os migrantes são vulneráveis a serem traficados, o próximo Relatório Global do UNODC sobre Tráfico de Pessoas 2016, que será divulgado ainda este ano, identifica um padrão claro ligando migração não documentada a tráfico de seres humanos.
“Alguns fluxos migratórios aparecem particularmente vulneráveis ao tráfico de pessoas. Cidadãos de Honduras, Guatemala e El Salvador representam cerca de 20% das vítimas detectadas nos Estados Unidos, enquanto os fluxos de migração legal desses países representam cerca de 5% do total. Padrões similares são encontrados na Europa Ocidental, onde cidadãos do Sudeste Europeu respondem por uma grande parte das vítimas.”
O relatório do UNODC também enfatizará as ligações entre tráfico de pessoas e fluxos de refugiados de países como Síria e Eritreia, assim como refugiados de Myanmar e Bangladesh.
“Nós claramente precisamos fazer mais para acabar com o tráfico de pessoas como parte de uma resposta coordenada e abrangente para a crise de refugiados e os continuados desafios migratórios que enfrentamos no mundo todo”, declarou.
“Chamo os governos para ratificar e efetivamente implementar a Convenção da ONU contra o Crime Organizado Transnacional e seus protocolos sobre tráfico de migrantes, para ajudar e proteger as vítimas e os direitos dos migrantes, e promover a cooperação internacional necessária para levar os criminosos à Justiça.”
Segundo o chefe do UNODC, ao fortalecer a ação sob os protocolos, podemos reforçar a proteção das crianças, mulheres e homens vulneráveis, e ajudar a promover a segurança e dignidade dos refugiados e migrantes em todos os estágios de sua jornada.

Defensoria promove concurso de redação sobre o tema

A Defensoria Pública da União (DPU) lançou na quarta-feira (27) seu segundo concurso de redação com o tema “Tráfico de pessoas — Diga não!”, aberto a participantes de ensino fundamental e médio de escolas públicas, inclusive na modalidade jovens e adultos.
Escolas que tiverem interesse em participar podem fazer sua inscrição pelo site da DPU (clique aqui), sendo que o prazo final para que cada escola envie o material dos alunos concorrentes é 5 de setembro.
Para o representante do escritório de ligação e parceria do UNODC no Brasil, Rafael Franzin, o concurso é uma oportunidade para que a prevenção ao tráfico de pessoas seja levada a todo o país. “Em nível global, nossos últimos relatórios apontaram um crescimento no número de crianças traficadas,” disse. “Por isso, é importante promover o tema nas diversas faixas etárias.”
No Brasil, o UNODC trabalha na área do tráfico de pessoas desde 2002 e implementa, em parceria com o governo, a Campanha Coração Azul de prevenção ao tráfico de pessoas, que conta com Ivete Sangalo como embaixadora da Boa Vontade.
As Nações Unidas definem o tráfico de pessoas como o “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, rapto, fraude, engano, abuso de poder ou uma posição de vulnerabilidade ou dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração”.
Fonte : ONUBRASIL

CERVEJA DO XIXI. QUEM VAI QUERER ?

Cientistas belgas transformam urina em cerveja

Através de um dispositivo movido a energia solar, os pesquisadores conseguiram criam um sistema que purifica a urina.
29 de julho de 2016 • Atualizado às 17 : 19

Imagine se, após vários copos de cerveja, quando dá aquela vontade de fazer xixi, você estivesse simplesmente produzindo matéria-prima para mais cerveja. Esse deve ser o sonho de muitas pessoas. No que depender dos cientistas da Universidade de Ghent, na Bélgica, isso pode se tornar realidade.
Através de um dispositivo movido a energia solar, os pesquisadores conseguiram criaR um sistema que purifica a urina, transformando-a em água potável e fertilizantes naturais.
Já existem tecnologias capazes de purificar urina, mas os belgas garantem que este é o sistema mais eficiente, por sua simplicidade e pelo fato de ser movido a energia solar. O equipamento funciona da seguinte forma: um dispositivo coleta a urina e a armazena em um grande tanque. O material é aquecido em uma caldeira e passa por uma membrana que separa a água de outros nutrientes, como: potássio, azoto e fósforo.
O primeiro teste do funcionando desta tecnologia em larga escala aconteceu recentemente durante um festival de música e arte realizado no centro de Ghent. Foram dez dias de festa, após os quais os cientistas conseguiram coletar mil litros de água apenas a partir da urina dos participantes. O recurso gerado será utilizado para a fabricação de uma das bebidas mais amadas na Bélgica e em quase todo o mundo: a cerveja.
Para os pesquisadores o sucesso do teste prova que o dispositivo poderia ser muito útil em locais isolados que não possuem saneamento básico ou distribuição de água e também pode ser eficiente em espaços públicos e grandes eventos.
Redação CicloVivo

OLIMPÍADAS PARA QUEM ?

"Olimpíadas para quem?”

"A maior parte das Olimpíadas, se não todas, até agora, promoveu a especulação de terras e a consequente gentrificação para incorporadoras imobiliárias, proprietários de terras e construtoras, resultando em segregação urbana, exclusão, desalojamento, combinados com processos de remoção violentos". O comentário é de Jaeho Kang,doutor em Sociologia da Mídia pela Universidade de Cambridge e professor e pesquisador da Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres, em entrevista Goethe-Institut Brasil, 28-07-2016.
Eis a entrevista.
Você é especialista nos escritos de Walter Benjamin sobre mídia. Como podemos pensar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro à luz da teoria benjaminiana?
Walter Benjamin (1892-1940), um dos mais originais e perspicazes críticos culturais alemães do século 20, propiciou uma visão única sobre o papel crucial das indústrias da mídia e do entretenimento na transformação da Modernidade ocidental. Megaeventos, como a Expo, por exemplo, desde sua criação em Londres em 1851, engendraram e espalharam formas dominantes da cultura capitalista em escala global. As Olimpíadas modernas desfrutam de um status seminal como ritual de massa e festival urbano moderno, ou seja, é “o sonho de Cinderela de transformação da nação anfitriã”. Vistos a partir da perspectiva benjaminiana, os Jogos Olímpicos, dirigidos pelo complexo mídia, esporte e entretenimento, representam as “casas de sonho do coletivo” (Traumhäuser des Kollektivs). Dessa forma, a análise crítica de Benjamin sobre megaeventos ajuda a entender como os Jogos Olímpicos do Rio de 2016 interagem com a formação do espetáculo urbano, a propagação da cultura popular e a construção nacional de identidade.
Você também tem uma pesquisa extensa sobre megaeventos esportivos vistos como espetáculo da mídia. Poderia compartilhar algumas ideias que esclarecem esse conceito?
Megaeventos esportivos referem-se a eventos esportivos globais de grande escala, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos modernos, que normalmente têm um caráter dramático e engendram apelo popular e participação de massa (M. Roche). Sendo assistidos e experimentados pela audiência da mídia local, nacional e global, os megaeventos esportivos se tornaram uma forma de evento de mídia articulado pelo espetáculo. Vale ressaltar que a noção de espetáculo cunhada por Guy Debord (1931-1994), teórico social francês e um membro-chave da Internacional Situacionista, indica não um “conjunto de imagens” ou “uma mera ilusão visual produzida pela mídia de massa”, mas “uma relação social entre as pessoas, mediada por imagens”. A produção e o consumo de espetáculo estão cada vez mais intrincados com as tecnologias de comunicação. O espetáculo da mídia enfatiza várias formas de produções de mídia tecnologicamente construídas, que são produzidas e disseminadas através de mídias sociais e de massa. A gravidade de megaeventos esportivos profundamente ligados à conectividade global só pode ser apreendida quando a dinâmica transnacional dos espetáculos de mídia é levada em conta de forma sistemática.
Como os megaeventos esportivos se relacionam com o espaço público? Como eles transformam o espaço? Quais são as consequências para as cidades que os recebem?
Organizar um megaevento esportivo leva a cidade anfitriã a conduzir transformações urbanas empreendendo estratégias e planejamentos de alto risco de mercado. A cidade e a nação anfitriã visam maximizar essa oportunidade, a fim de regenerar e reabilitar espaços urbanos (por exemplo, praças públicas, parques etc.) e melhorar a infraestrutura social (por exemplo, transporte público, casas populares, instalações comunitárias e esportivas etc.). No entanto, a maior parte das Olimpíadas, se não todas, até agora, promoveu a especulação de terras e a consequente gentrificação para incorporadoras imobiliárias, proprietários de terras e construtoras, resultando em segregação urbana, exclusão, desalojamento, combinados com processos de remoção violentos, como historicamente demostrado em Seul e Pequim, por exemplo. Não foram as populações anfitriãs, mas corporações e capitais transnacionais que se beneficiaram da transformação urbana gerada por fundos públicos. O espetáculo dos jogos tem servido para nutrir a acumulação de capital. Não seriam os Jogos Olímpicos nada mais que jogos imobiliários? No Rio, por exemplo, a Vila Olímpica e Paraolímpica foi construída pela Carvalho Hoseken e pela Odebrecht, através de um empréstimo de mais de 2,3 bilhões reais da Caixa. A Vila será convertida em casas populares para os cariocas depois dos Jogos? Ou em um condomínio de luxo, chamado Ilha Pura, que criará uma cidade dentro da cidade para a classe alta?
Como esses megaeventos esportivos impactam a construção de identidades e do nacionalismo?
As Olimpíadas unem esporte, nacionalismo e mídia numa tríade simbiótica. Esportes instigam habilmente o sentimento nacionalista. Megaeventos esportivos servem intensamente para promover a integração social da nação anfitriã, ao reforçarem um senso de solidariedade e pertencimento. Recentemente, a dinâmica do nacionalismo mudou significativamente de uma forma de ideologia política para um “nacionalismo banal”, desde que as experiências cotidianas de diversidade cultural penetraram no senso de identidade nacional. A cerimônia de abertura das Olimpíadas constitui um sinal de contestação social e cultural, ao encenar o espetáculo das conquistas nacionais e ideias predominantes para espectadores nacionais e globais (por exemplo, Civilização brilhante e Era gloriosa nas Olimpíadas de Pequim de 2008, dirigida por Zhang Yimou, e Ilhas da Maravilha nas Olimpíadas de 2012 em Londres, de Danny Boyle). Narrativas, slogans e retóricas expressas nos eventos (por exemplo, Um mundo, um sonho nas Olimpíadas de Pequim) são ativamente usados para engendrar um senso de unidade e para conciliar conflitos sociais e políticos. A experiência estética coletiva do espetáculo (reunir-se, assistir, torcer, cantar etc.), seja através da mídia ou em espaços públicos, provê bases sociais e culturais substanciais, sobre as quais um novo público de massa pode ser construído no contexto de identidades nacionais e transnacionais.
Outro foco de sua pesquisa é na estética do espaço urbano, visibilidade e espetáculo político. Os Jogos Olímpicos no Rio serão realizados em um país que está passando por uma crise política profunda. Como você acha que essas Olimpíadas irão impactar a situação política do Brasil e vice-versa?
Desde que o Rio foi anunciado como cidade anfitriã, em 2009, a mídia de massa brasileira e os partidos políticos têm procurado mobilizar as pessoas para o nacionalismo público com o slogan do evento: “um mundo novo”. Não está claro o que “um mundo novo” significa precisamente, mas incluiria “segurança" (juntamente com meio ambiente, sustentabilidade, cidadania), como descrito no Relatório de Sustentabilidade Rio 2016. Certamente, cada uma das cidades anfitriãs enfrentou críticas e controvérsias durante o processo de construção. O Rio não é uma exceção. No entanto, os desafios parecem muito maiores: uma série de escândalos financeiros e o impeachment da presidenta na política, recessão continuada e cortes orçamentários em questões econômicas e ambientais, a gentrificação e o desalojamento da população mais pobre, problemas de infraestrutura, para citar apenas alguns. A sustentabilidade aparece como um dos temas cruciais na Agenda Olímpica 2020, “o roteiro estratégico para o futuro do movimento Olímpico” proposto pelo IOC (Comitê Olímpico Internacional). As lições de sustentabilidade deveriam ser aprendidas a partir dos eventos calamitosos anteriores em Seul, Atenas, Pequim, entre outros. Para o Rio, uma pergunta simples mas crucial é: Olimpíadas para quem?
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

A FALTA DE VERGONHA E A AUSÊNCIA DE CULPA NA CORRUPÇÃO BRASILEIRA.

A falta de vergonha e a ausência de culpa na corrupção brasileira. Artigo de Leonardo Boff

"Essa falta de vergonha e de sentimento de culpa se transformou, entre nós no Brasil, numa especial de segunda natureza, tornada uma prática usual. Por isso, quase todo o tecido social é contaminado pelo vírus da corrupção, dos corruptores e dos corrompidos", escreve Leonardo Boff, escritor, teólogo e filósofo.
Eis o artigo.
Depois que surgiu a psicanálise e o estruturalismo não podemos mais nos restringir ao consciente e aos ditames da razão na análise dos fenômenos humanos, pessoais e coletivos. Há um universo pré-consciente, sub-consciente e inconsciente (pessoal e coletivo), subjacente a nossas práticas, a serem considerados.
Quero me ater apenas a duas vertentes que influenciam nossos comportamentos: são os legados das duas principais culturas ancestrais que subjazem no nosso inconsciente coletivo e que nos ajudam a entender fenômenos atuais, como por exemplo, a tresloucada corrupção que atravessa o corpo social brasileiro: a cultura grega e a cultura judaico-cristã.
Da cultura grega herdamos o sentimento de vergonha. O conceito correlato é a do herói. Ter vergonha para os gregos consistia em se frustrar em qualquer empreendimento como na guerra e na convivência social. Perder uma batalha constituía uma vergonha coletiva para todo um povo. Perder numa competição nas Olimpíadas provocava vergonha. Triunfar e ser bem sucedido preenchia os requisites do herói.
Hoje esta categoria está presente em nossa sociedade. É um herói o jogador que conseguiu o gol da vitória do time de sua predileção. Vergonha coletiva é o Brasil perder de 7x1 na Copa Mundial de futebol contra a Alemanha. Conseguir altos índices de crescimento e de lucro de uma empresa faz do empresário um herói. Perder uma eleição produz vergonha. A vergonha tem a ver com a imagem que projetamos socialmente. Ela tem que causar admiração e respeito. Caso contrário faz as pessoas se envergonharem.
A outra vertente é constituída pela tradição judaico-cristã. A categoria central é a culpa. Geralmente colocamos a culpa nos outros. Se fracassamos num negócio, é por culpa da crise econômica. Se o matrimônio se desfez é por culpa de um dos parceiros. Se há uma desgraça ecológica é por culpa dos moradores que se instalaram em áreas de risco. Às vezes, colocamos a culpa em nós mesmos por um acidente de tráfico ou por erros que produzem uma ruinosa administração.
A culpa atinge a interioridade e afeta a consciência. A repercussão não é tanto diante dos outros que talvez nem saibam de nosso malfeito, mas diante do tribunal da consciência. Esta nos remete logo a Deus, pois entre a consciência e Deus não há mediação. Estamos direta e imediatamente diante dele.
A culpa nos causa remorsos e o sentimento de culpa que pode produzir uma punição.
O oposto à culpa é o sentimento de ser justo e reto, dois conceitos definidores de uma pessoa “justa”(santa) no sentido bíblico.
Sentir vergonha e dar-se conta da culpa constituem as bases de uma consciência ética. Não precisar se envergonhar diante dos outros e não se sentir culpado diante da consciência e de Deus são sinais de retidão de vida e de uma atitude ética correta.
Qual é o nosso problema concernente à escandalosa corrupção passiva e ativa no Brasil? É a acabada falta de vergonha e a completa ausência de culpa dos corruptos e corruptores diante de seus malfeitos.
Mesmo surpreendidos no ato de corrupção, ouvimos sempre o mesmo ritornello: “não sou culpado de nada”, “sou injustiçado”, “sou completamente inocente”. E trata-se de pessoas notória e comprovadamente corruptas. Perderam a noção total de culpa e não dão nenhuma importância à vergonha pública de seus atos. Seguem desfilando, tranquilos e a frequentar os melhores restaurantes.
Raramente ouve-se a indignação ética com os gritos de “corrupto, ladrão”. Mas os corruptos nem se incomodam e continuam no seu desfrute.
Já Aristóteles na sua Ética a Nicômano estabelecia a vergonha e o rubor do rosto como um indicativo da presença de uma consciência ética. Sem essa vergonha, a pessoa era realmente um “sem vergonha”, um mau caráter, sem sentido dos valores.
Essa falta de vergonha e de sentimento de culpa se transformou, entre nós no Brasil, numa especial de segunda natureza, tornada uma prática usual. Por isso, quase todo o tecido social é contaminado pelo vírus da corrupção, dos corruptores e dos corrompidos.
Mas ela chegou nos dias atuais a níveis tão escandalosos que não podem mais ser tolerados pela sociedade e pelos cidadãos que ainda guardam uma consciência ética, do que é reto e correto, justo e bom.
A corrupção como prática pessoal e social, sem sermos moralistas e utópicos, tem que ser banida e reduzida a níveis compatíveis com a condição humana decaída e corruptível. Há que se resgatar o sentimento de vergonha e de culpa, sem o que nossos esforços serão inócuos.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

sexta-feira, 29 de julho de 2016

ALINHAMENTO DOS PLANETAS QUE PODEM SER VISTOS A OLHO NU.

5 planetas podem ser vistos a olho nu durante as próximas semanas

Esta oportunidade só se repetirá daqui a 24 anos.
21 de julho de 2016 • Atualizado às 14 : 19

A dica é estar atento ao céu, em um ambiente sem nuvens, no momento em que o sol está prestes a se pôr. | Foto: Jose Antonio Hervás/Nasa
Esta é a última chamada para quem quer ver cinco planetas alinhados a olha nu. Desde a última quarta-feira (20) e por algumas semanas, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ficarão alinhados e visíveis da Terra durante o pôr-do-sol.
O evento astronômico está acontecendo pela segunda vez neste ano. A primeira vez foi no final de janeiro e início e fevereiro. Mas, agora, esta oportunidade só se repetirá daqui a 24 anos.
Conforme explicado por David Dickinson, do site Universe Today, o alinhamento é visível a olho nu porque é como se estivéssemos olhando os planetas através de um espelho retrovisor, que tem Marte, Júpiter e Saturno a frente e Mercúrio e Vênus correndo um pouco atrás.
Olhando da Terra, os planetas são muito semelhantes a estrelas, portanto, alguns detalhes são imprescindíveis para identifica-los. Vênus é o mais brilhante, Júpiter vem na sequência, em termos de luminosidade. Marte, que já é conhecido como o planeta vermelho, tem tons avermelhados, enquanto Saturno puxa para o amarelo, brilhando praticamente na mesma intensidade. Mercúrio é o menor planeta e também o mais difícil de ser visto.
A dica é estar atento ao céu, em um ambiente sem nuvens, no momento em que o sol está prestes a se pôr.
Redação CicloVivo

REFUGIADOS DO SUDÃO DO SUL PARA UGANDA.

Quatro mil pessoas fogem diariamente do Sudão do Sul para Uganda, alerta ONU

Combates recentes no Sudão do Sul forçaram 37 mil pessoas a fugir para o país vizinho nas últimas três semanas. Recém-chegados em Uganda relatam conflitos em andamento, saques por milícias armadas, incêndio de casas e assassinatos de civis, disse um porta-voz da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Agências humanitárias aumentam esforços para responder à nova crise. Desde o início do conflito, em dezembro de 2013, cerca de 2,5 milhões de pessoas já foram deslocadas.
Menina e sua família atravessam a fronteira entre o Sudão do Sul e Uganda. Foto: ACNUR/ Will Swanson
Menina e sua família atravessam a fronteira entre o Sudão do Sul e Uganda. Foto: ACNUR/ Will Swanson
Recentes combates no Sudão do Sul forçaram 37 mil pessoas a fugir para Uganda nas últimas três semanas, com uma média de mais de 4 mil pessoas por dia na semana passada, alertou nesta terça-feira (26) a agência de refugiados das Nações Unidas.
“Mais refugiados chegaram em Uganda nas últimas três semanas do que durante os seis primeiros meses de 2016, quando 33.838 chegaram lá em busca de segurança”, disse Adrian Edwards, porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), a jornalistas em Genebra.
Na segunda-feira (25), cerca de 2,4 mil refugiados foram recebidos em Uganda, vindos do Sudão do Sul. Mais de 90% são mulheres e crianças.
“Os recém-chegados em Uganda estão relatando combates em andamento, bem como saques por milícias armadas, incêndio de casas e assassinatos de civis”, disse Edwards. “Algumas das mulheres e crianças nos disseram que foram separadas de seus maridos ou pais por grupos armados, que estariam recrutando forçadamente homens e os impedindo de cruzar a fronteira.
Ele observou que as chegadas diárias, que eram de cerca de 1,5 mil há dez dias, subiram para mais de 4 mil na semana passada. As pessoas são da região de Equatoria Oriental, Juba e em outras áreas do país, disse o representante do ACNUR.
A intensidade dos recentes combates entre facções rivais leais ao presidente Salva Kiir e primeiro vice-presidente Riek Machar em Juba diminuíram, mas a situação de segurança continua volátil. “Mais picos de chegadas são uma possibilidade real”, disse ele.
O influxo está testando a capacidade de pontos de passagem e centros de trânsito e de acolhimento. No fim de semana, as organizações humanitárias trabalharam para descongestionar estes pontos e instalaram abrigos temporários para aumentar a capacidade atual. O ACNUR enviou pessoal adicional, caminhões e ônibus para ajudar.
No seu auge, mais de 11 mil refugiados estavam abrigados em Elegu, no norte de Uganda, em um complexo equipado para abrigar apenas 1 mil pessoas. Até o final deste fim de semana passado, o centro tinha sido significativamente descongestionado, e apenas 300 pessoas se abrigavam no local segunda-feira à noite.
Muitos dos refugiados foram transferidos para o centro de trânsito de Nyumanzi, onde estão recebendo refeições quentes, água, abrigo e outros tipos de ajuda para salvar vidas; outros foram levados para centros de acolhimento expandidos em Pagirinya.
A gestão e expansão das instalações de recepção, bem como a abertura de uma nova área de assentamento, permanecem as principais prioridades. Uma nova área de assentamento foi identificada no distrito de Yumbe, com capacidade de abrigar até 100 mil pessoas. Abrigos comuns temporários também estão sendo construídos para acomodar as novas e contínuas chegadas.
A resposta humanitária ao afluxo de refugiados sul-sudaneses sofre severamente com o subfinanciamento. “O apelo [das agências humanitárias] está financiado em 17%, o que fez com que o ACNUR e seus parceiros deem conta apenas de atividades de emergência e para salvar vidas, e provocando limitações à amplitude de assistência humanitária que pode ser oferecida”, disse Edwards.
O conflito do Sudão do Sul, que teve início em dezembro de 2013, produziu uma dos piores situações de deslocamento do mundo, com imenso sofrimento. Cerca de 1,69 milhão de pessoas estão deslocadas no interior do país, enquanto há atualmente pouco mais de 831 mil refugiados sul-sudaneses, principalmente na Etiópia, Sudão e Uganda.
Fonte : ONUBRASIL

COMMODITIES DEVEM SOFRER UMA PEQUENA VALORIZAÇÃO.

Desvalorização das commodities será menor que o previsto e petróleo terá alta, destaca Banco Mundial

Preço do barril de petróleo deve aumentar dois dólares, pressionado por interrupções no oferta associadas a problemas domésticos no Canadá e na Nigéria. Queda dos valores de produtos básicos da mineração, energia e agricultura será menos acentuada do que estimativas indicavam há três meses.
Demanda por petróleo no mercado internacional aumento no segundo trimestre de 2016, segundo levantamento do Banco Mundial. Foto: Blog do Planalto (CC) / Ichiro Guerra
Demanda por petróleo no mercado internacional aumento no segundo trimestre de 2016, segundo levantamento do Banco Mundial. Foto: Blog do Planalto (CC) / Ichiro Guerra
Em atualização sobre a situação das commodities no mercado internacional, divulgada na terça-feira (26), o Banco Mundial aumentou suas previsões de 2016 para os preços do petróleo bruto e reduziu a perspectiva de desvalorização de produtos básicos da mineração, energia e agricultura.
Pressionado por interrupções no suprimento e por uma forte demanda no segundo trimestre, o valor do petróleo deverá subir para 43 dólares/barril — preço que representa um aumento de dois dólares em relação a estimativas anteriores.
O Banco Mundial destaca que os valores do petróleo aumentaram 37% no segundo trimestre desse ano devido a quedas no fornecimento — provocadas principalmente pelos incêndios no Canadá e por sabotagens de instalações na Nigéria.
“Prevemos preços do petróleo ligeiramente mais altos no segundo semestre de 2016 à medida que diminuir o excesso da oferta do mercado do petróleo,” afirmou o economista sênior e principal autor do documentoCommodities Markets Outlook — onde foram publicadas as previsões revisadas do organismo financeiro internacional —, John Baffes.
O especialista alertou que “os inventários continuarão altos e levará certo tempo para baixarem”.

Desvalorização das commodities será menor que o previsto

Apesar da recuperação prevista para o petróleo e muitos outros produtos básicos no segundo semestre, a maioria dos índices desses produtos monitorados pelo Banco Mundial deverá diminuir neste ano. Os motivos incluem a oferta persistentemente elevada dessas cadeias.
No caso de produtos básicos industriais — que incluem energia, metais e matéria-prima agrícola —, as perspectivas de baixo crescimento nos mercados emergentes também estão entre as causas da desvalorização das commodities. Porém, a maior parte dessa redução deverá ser inferior a previsões mais pessimistas divulgadas em abril.
O preço da energia — que inclui o do petróleo, gás natural e carvão — deverá ter queda de 16,4% em 2016, uma redução mais gradual do que os 19,3% previstos há três meses.
Commodities como metais e minerais, produtos agrícolas e fertilizantes deverão registrar desvalorização de 3,7% em 2016. A contração é mais moderada do que a redução de 5,1% prevista anteriormente.

Preço da energia afeta valor de alimentos

Como a energia representa mais de 10% do custo da produção agrícola, a oscilação dos preços da energia tem sido um fator importante para o cálculo dos valores dos alimentos.
A análise do Banco Mundial lembra que os preços da energia caíram 45% em 2015 e, segundo o previsto, deverão cair novamente neste ano. Cerca de um terço da provável queda de 32% nos valores dos produtos básicos de cereais e soja de 2011 a 2016 foi provocado pelo declínio dos preços da energia.
“Tanto os países exportadores de energia, como os países exportadores de produtos agrícolas básicos precisam intensificar iniciativas de diversificação econômica para impulsionar a resiliência às flutuações de preços dos produtos básicos”, alertou o diretor do Grupo de Perspectivas do Banco Mundial, Ayhan Kose.

Previsões para 2017

A avaliação do Banco Mundial inclui ainda previsões para o próximo ano, quando o preço dos metais deverá registrar uma queda de 11%. A desvalorização estimada agora é mais acentuada do que os 8,2% calculados previamente.
Segundo a análise da agência da ONU, esse cenário é reflexo da fraca expectativa de demanda
Já os preços da agricultura deverão cair menos do que o projetado em abril, como resultado da redução das colheitas na América do Sul e da estabilização da demanda por biocombustíveis.
Fonte : ONUBRASIL

REFUGIADOS DO SUDÃO DO SUL, IRÃO PARTICIPAR NA OLIMPÍADA DE 2016.

Atletas da Equipe Olímpica de Refugiados chegam ao Rio nesta sexta-feira (29)

Cinco dos dez integrantes que compõem a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados desembarcam no Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (29/07), às 8h30, no Terminal 02 do Aeroporto Internacional do Galeão. Os atletas (duas mulheres e três homens) são refugiados do Sudão do Sul que vivem no Quênia e disputarão diferentes modalidades de corrida nas competições de atletismo.
Os integrantes da equipe Olímpica de Atletas Refugiados que disputarão os Jogos do Rio 2016. Imagem: ACNUR
Os integrantes da equipe Olímpica de Atletas Refugiados que disputarão os Jogos do Rio 2016. Imagem: ACNUR
Cinco dos dez integrantes que compõem a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados desembarcam no Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira (29/07), às 8h30, no Terminal 02 do Aeroporto Internacional do Galeão. Os atletas (duas mulheres e três homens) são refugiados do Sudão do Sul que vivem no Quênia e disputarão diferentes modalidades de corrida nas competições de atletismo.
As refugiadas Anjelina Nada Lohalith (1.500 metros) e Rose Nathike Lokonyen (800 metros) e seus compatriotas Yiech Pur Biel (800 metros), James Nyang Chiengjiek (400 metros) e Paulo Amotun Lokoro (1.500 metros) vivem no campo de refugiados de Kakuma (Quênia). Recentemente, estiveram na capital do país, Nairóbi, em sessões de treinamento e de preparação para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Eles se juntarão a outros cinco refugiados para formar a primeira Equipe Olímpica de Atletas Refugiados da história. Também desembarca com os atletas a queniana Tegla Chepkite Loroupe, presidente da fundação que leva seu nome e que oferece programas de apoio a atletas refugiados. Os corredores do Sudão do Sul são atendidos por esta fundação.
Criada pelo Comitê Olímpico Internacional e apoiada pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados é um símbolo de esperança para todas as vítimas de guerras e conflitos ao redor do mundo, que muitas vezes não têm a oportunidade de representar seus países ou mesmo de praticar qualquer tipo de atividade esportiva.
Os demais integrantes da equipe são: o sírio Ramis Anis (natação, 100 metros borboleta); o etíope Yonas Kinde (maratona); a síria Yusra Mardini (100 metros livres e 100 metros borboleta); a congolesa Yolande Mabika (judô, peso médio); e o congolês Popole Misenga (judô, peso médio).
Todos eles deixaram seus países devido a guerras e encontraram refúgio na Alemanha, Brasil, Bélgica, Luxemburgo e Quênia. Os dois judocas da equipe vivem no Rio de Janeiro. Até agora, apenas o maratonista etíope Yonas Kinde ainda não chegou ao Brasil.
A participação de refugiados nas Olimpíadas representa um marco fundamental na parceria de longa data entre o ACNUR e o COI. Esta relação, que já se estende há 20 anos, promove o desenvolvimento e o bem-estar dos refugiados no mundo todo, em particular das crianças. Por meio de projetos conjuntos, o ACNUR e o COI apoiam programas para a juventude e atividades desportivas em pelo menos 20 países, reformado quadras poliesportivas em vários campos de refugiados e doando kits esportivos para jovens refugiados.
Saiba mais sobre a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados em http://bit.ly/2a2CCjq
Fonte : ONUBRASIL

quinta-feira, 28 de julho de 2016

PERDA DO GELO POLAR ESTÁ MODIFICANDO A ROTAÇÃO DA TERRA.

Perda do gelo polar está modificando a rotação da Terra, diz NASA

Perda do gelo polar está modificando a rotação da Terra, diz NASA
A Groenlândia perde 287 bilhões de toneladas de gelo por ano. A Terra precisa equilibrar isso com outro movimento.
25 de julho de 2016 • Atualizado às 22 : 35
As mudanças nas camadas de gelo são monitoradas e estudadas há mais de cem anos. | Foto: NASA
O derretimento dos gelos nos polos pode estar alterando o ângulo de rotação da Terra. Essa é uma das hipóteses levantadas por pesquisadores da NASA em um estudo recente, que analisou o eixo em que o planeta gira. Segundo os cientistas, é possível que a massa de gelo perdida tenha alterado a gravidade do da Terra.
As mudanças nas camadas de gelo são monitoradas e estudadas há mais de cem anos. No entanto, os cientistas identificaram uma alteração no padrão da dissipação a partir do ano 2000. Desde então, a massa do Polo Norte, que se deslocava em direção ao Canadá, passou a se deslocar no sentido do Reino Unido.
Além da mudança na direção, também foram identificadas modificações na velocidade deste deslocamento. Antes a média era de sete a oito centímetros ao ano. Agora o movimento chega a ser de até 18 centímetros por ano, conforme explicado por Surendra Adhikari, pesquisador da Nasa e um dos autores do estudo recém-publicado na revista científica Science Advances.
Adhikari ainda esclarece como o movimento dos polos interfere na rotação terrestre. “Perder massa de gelo na Groenlândia significa que nós estamos pondo essencialmente a massa em outros lugares. E como nós redistribuímos essa massa, o eixo de rotação tende a encontrar uma nova direção. Isso é o que entendemos por movimento polar.”

Apesar de não garantir que a mudança rotacional está diretamente ligada às mudanças climáticas, o derretimento das geleiras é uma das principais causas sugeridas. De acordo com a NASA, a Groenlândia perde 287 bilhões de toneladas de gelo por ano. A Antártida perde anualmente 134 bilhões de toneladas.
Clique aqui para acessar o estudo completo.
Redação CicloVivo

A ONDA POR VIR

A onda por vir
"Se Dilma voltar, volta a tragédia. Um governo conservador e elitista, onde os ricos é que saem ganhando e os mais pobres seguem morrendo e sendo removidos de suas casas. Se tiver eleições gerais e tivermos a sorte de eleger alguém 'menos pior' entre os possíveis elegíveis (Lula, Ciro, Marina), o máximo que o governo vai poder fazer é segurar a onda de retrocessos e dar uma maquiada na situação. Resta a velha questão de sempre: o que fazer"? Indaga Renan Porto em artigo publicado por UniNômade, 27-07-2016.
Eis o artigo.
Com o afastamento de Dilma da presidência, as esquerdas compartilham um sentimento disperso de oposição contra Temer que não resultou em mobilizações significativas. O dissenso entre os apoiadores pregressos do governo Dilma e aqueles que, a pautar o #ForaDilma, preferem seguir a “via argentina” [1] do Fora Todos e/ou das #EleiçõesGeraisJá aprofundou a dispersão e a desmobilização.
À cada medida antipopular do governo Temer, dilmistas lançam acusações contra aqueles que vinham se opondo ao governo do PT, como se os antagonistas à Dilma se tornassem apoiadores do presidente interino. Simplesmente pela menor intensidade de críticas ao novo governo. Embora não seja unânime, tem sido uma atitude recorrente porém inútil. Pragmaticamente inútil. Por outro lado, agora, não faz mais sentido criticar especialmente o governismo petista, essa prática contraditória de cobrar da esquerda como um todo um apoio ainda que crítico ao governo, ao mesmo tempo em que o blinda das críticas.
Ora, não há muito o que falar sobre Temer. Nenhuma parcela entre as esquerdas o apoiou diretamente, ainda que algumas tenham acatado, sem qualquer pudor, alianças com Temer ao longo da última década. A bem da verdade, nem mesmo a direita parece entusiasmada com ele. O #ForaTemer é óbvio para as esquerdas. Tão óbvio quanto a constatação que a situação trágica em que nos encontramos não começou há dois meses, com a instauração do processo de impeachment.
Mas se hoje é óbvio o #ForaTemer, não era quando o PT ocupava a presidência em exercício. As coisas não pareciam tão claras. O petismo funcionou como um necromante para manter aparentemente vivo um defunto. Isto não significa que o PT seja igual ao PMDB. Pode ser até menos irresponsável quanto à adoção de políticas antipopulares, mas em compensação vinha conseguindo dissimuladamente acender uma esperança em parte das esquerdas. Parte que podia até chorar, com sensação de ter sido traída, quando o PT se metia na lama, mas que logo passava a celebrar qualquer aceno teatral do antigo governo em busca de apoio das esquerdas.
Quanto a Temer, é necessária agora uma nova onda opositora de protestos e mobilizações. Não faz sentido culpar a falta de crítica ou mobilização dos antipetistas quando também não está havendo mobilização de fato por parte dos petistas. Quanto aos que se opõem ao PT, também não é interessante ficar debatendo se convém ou não juntar-se à militância petista nas ruas. A rua é de qualquer um. É só chamar o #ForaTemer e o resto (#VoltaDilma ou#EleiçõesGeraisJá) fica para ser construído a partir da organização dos anseios sociais, que também podem se inclinar para outros rumos, além desse problema.
Se Dilma voltar, volta a tragédia. Um governo conservador e elitista, onde os ricos é que saem ganhando e os mais pobres seguem morrendo e sendo removidos de suas casas. Se tiver eleições gerais e tivermos a sorte de eleger alguém “menos pior” entre os possíveis elegíveis (Lula, Ciro, Marina), o máximo que o governo vai poder fazer é segurar a onda de retrocessos e dar uma maquiada na situação. Resta a velha questão de sempre: o que fazer?
Primeiro, não se desesperar com bobagem, por exemplo, como na proposta estúpida do presidente da Confederação Nacional da Indústria de aumentar a jornada de trabalho para 80 horas semanais. Não se volta ao século XIX numa única medida. Era outra organização social, outro modo de produzir, distribuir, comunicar, trabalhar etc. Não se podem reproduzir as condições de uma jornada de 16 horas hoje. Assim como não se retorna à ditadura militar numa única medida.
Vivemos na era neoliberal, em que é fundamental a gestão contínua dos conflitos e liberdades, e da crise implicada neles. É um governo de controle flexível e administração dos riscos. A liberdade deve ser controlada porque é dela que o neoliberalismo depende para extrair o lucro. Netflix, Hollywood, Facebook, Google, academias, lanchonetes e bares, marcas de bebida e alimentos, empresas de tecnologia de comunicação, tudo isso para lucrar depende de margens de liberdade e da produção das subjetividades. Precisam delas como o vampiro precisa de sangue.
Essas discussões sobre a jornada de trabalho estão fora de perspectiva, servem apenas para fazer espuma (de um lado e de outro). Porque o tempo de vida hoje já está totalmente investido e explorado pelo capitalismo. O capitalismo já funciona (ou dis-funciona) 24 horas por dia, 7 dias por semana, colocando todo o seu exército para trabalhar, sem qualquer reserva. Todo o tempo está a serviço da produção, o lazer, o sono, a sexualidade. Inclusive quando buscamos nos qualificar para trabalhar, já que hoje a formação é permanente e infinita. Nossos próprios sonhos muitas vezes coincidem com os percursos do capital.
Até a produção pré-individual, o nosso inconsciente, as associações semióticas que fazemos sem passar pela consciência, todo esse imaginário está atulhado de aparelhos e dispositivos de que o sistema precisa e suga. Toda a vida se tornou subsumida ao capitalismo e não há mais fora, de maneira que o tempo de trabalho vai muito além da questão da jornada. Como então criar estratégias para enfrentá-lo? É certo que não vai acontecer nenhuma tomada do Palácio de Inverno.
Os processos de lutas e insurreições, principalmente as ocupações, já conquistam terreno quando criam outra percepção e vivência do tempo.
Outras temporalidades que trazem outras formas de vida. Um contra-investimento que também é uma recusa dos aparelhos capitalistas sobre a vida, além de intervenção direta para produzir e organizar-se de maneira diferente.
Vamos aprender com os adolescentes das escolas ocupadas e não se deixar abater pela lamúria da esquerda. Um aprendizado que pode ajudar a fazer renascer um ciclo de lutas, para além das dispersões e desmobilizações. Como disse Toni Negri: “deve haver uma maneira de reconhecer a derrota sem sermos derrotados” [2].
Notas:
[1] – Ref. ao Que se vayan todos, dos protestos na Argentina entre dezembro de 2001 e janeiro de 2002.
[2] – Antonio Negri, Anomalia selvagem, poder e potência em Espinosa. Ed. 34: 1993. p. 230.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

quarta-feira, 27 de julho de 2016

AS CIDADES PRECISAM SER MODIFICADAS.

Urgente: mudança de rumo das cidades, artigo de Carlos Sandrini

Publicado em julho 27, 2016
opinião

[EcoDebate] As principais cidades do mundo começaram a ser desenhadas há séculos, e elas não estão preparadas para o que acontecerá a partir dos próximos anos: a quase extinção do comércio popular de rua; o abandono dos antigos edifícios comerciais; a fuga das indústrias; as mudanças na relação de emprego; a robotização; e a inteligência artificial. Cabe ao poder público adaptar as cidades às novas necessidades, vocações e desejos. Tudo isso sob os preceitos da sustentabilidade.
Em meados do século passado, iniciou-se a revitalização do centro das cidades portuárias como Rotterdam, Baltimore, Boston, Buenos Aires, Sidney e Barcelona. Foram intervenções bem-sucedidas que reverteram a degradação da área central destas cidades. Algo que, de forma mais modesta, está sendo feito no Rio de Janeiro. Porém, se no século passado a degradação foi maior nas cidades portuárias, agora o problema será de todas as médias e grandes cidades. As novas tecnologias e as mudanças de comportamento social irão, em menos de 10 anos, alterar o comércio, a indústria, o ensino, a relação de emprego, o trânsito, a construção civil e, consequentemente, o perfil urbano.
Já estão sobrando espaços no centro das cidades. É a hora de, a exemplo de Seul, na Coréia do Sul, fazer aflorar os rios e riachos que foram canalizados; desadensar eliminando edificações desnecessárias, criando percursos pelo interior das quadras, deixando o centro respirar; evitar a “musealização” do patrimônio histórico, dando vida aos mais importantes exemplares da arquitetura. Veremos também uma diminuição natural do trânsito nos grandes centros urbanos. Isso ocorrerá, principalmente, pela diminuição drástica da frota de automóveis, motivada pela mudança da cultura do carro próprio com a adoção do compartilhamento, por alternativas privadas e inteligentes de otimização de transporte e pelas soluções que evitam o deslocamento das pessoas.
Obviamente, toda essa transformação vai refletir em mudanças na construção civil. Os edifícios comerciais deverão vender oportunidade de gerar negócios e não somente espaço. Hoje, vemos a diminuição da demanda para os edifícios de salas comerciais. Diversas variedades de coworkings vocacionais irão substituí-los. Os prédios residenciais deverão atender aos novos hábitos de consumo e relacionamento. Os projetos deverão viabilizar a prestação de novos serviços nas dependências do condomínio, sejam nos apartamentos ou nas áreas comuns. Assim como offices nas áreas comuns, para que os moradores possam receber pessoas para assuntos de trabalho.
A tendência no Brasil é de prédios com aproximadamente 65 pavimentos, altura que só Balneário Camboriú (SC) ousou alcançar. Com este número de pavimentos, equacionado pelo número de torres e de elevadores independentes, o número de apartamentos poderá ser suficiente para sustentar um condomínio inteligente, para todas as classes sociais. É importante salientar que, independentemente do tamanho, as edificações deverão sempre ser amigáveis aos pedestres e à escala humana ao nível do solo.
No Brasil, mais de 84% da população vive em área urbana. Em todo o mundo, esse índice não para de crescer. Para o Departamento dos Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, gerir áreas urbanas é um dos principais desafios do século XXI. Para evitar a degradação dos centros urbanos, é fundamental que as iniciativas públicas e privadas comecem a agir agora. Os poderes executivos e legislativos deverão decidir se essas transformações levarão progresso ou pobreza para suas cidades. As oportunidades que as novas tecnologias e comportamentos sociais estão trazendo são muitas. Planejar, legislar e decidir com visão de futuro é a diferença entre a evolução e o caos urbano.
*Carlos Sandrini é arquiteto e urbanista, fundador e presidente do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br).

Colaboração de Caroline Rodrigues, in EcoDebate, 27/07/2016