segunda-feira, 30 de outubro de 2017

INFOGRÁFICO DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA

Através de Infográfico, pesquisadores divulgam números alarmantes da biodiversidade brasileira


Infográfico “Matemática: biodiversidade em números” pega carona no tema da SNCT para alertar a população
SBPC
Um a cada cinco tipos de plantas do planeta estão no Brasil, com seus seis biomas naturais. Destes, o maior, a Mata Atlântica, tem apenas 20% da sua vegetação original. Nestes ambientes, mais de 39% dos mamíferos (sendo 15% dos primatas) encontram-se ameaçados de extinção.
Este quadro alarmante da biodiversidade brasileira é oportunamente apresentado no infográfico “Matemática: biodiversidade em números”.
A iniciativa do Instituto de Química da UNESP de Araraquara (IQAr – Unesp) encontra no tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2017 sua razão de ser. Por enxergarem na didática dos números uma oportunidade de levar a opinião pública à reflexão é que os cientistas Ian Castro-Gamboa e Cintia Milagres do IQAr – Unesp e Letícia Lotufo, da USP decidiram divulgar a preocupante situação da biodiversidade brasileira.
Vanderlan da Silva Bolzani, professora titular do IQAr – Unesp e vice-presidente da Fundunesp e da SBPC, reitera a visão de seus colegas: “No caso da SNCT ser dedicada à matemática e dizer que a matemática está em tudo é muito importante para nós que trabalhamos com a química, com a biodiversidade brasileira, porque mostra a biodiversidade em números e mostra o impacto que as pessoas já estão sentindo”.
Entre esses impactos causados pela perda de biodiversidade, a especialista destaca os problemas da homogeneização dos ambientes, a seca e a perda da farmácia que representa esses biomas, com a escassez de princípio ativo para a produção de novos remédios – matéria importante para os cientistas.
Já entre os aspectos que contribuem para a extinção da biodiversidade, Vanderlan destaca as especulações econômicas: “No caso da Mata Atlântica, ela vem sendo devastada desde a descoberta do Brasil. E por quê? Porque todo o processo de urbanização começou na costa e a Mata Atlântica faz parte dessa costa. Logicamente você vai fazendo o centro sem planejamento”.
E continua: “Tem também a atividade agrícola, que é muito importante, o Brasil tem uma agricultura respeitável, importantíssima para a balança econômica, mas você pode saber onde e quando desmatar. Por isso o conhecimento e o entendimento da biodiversidade são muito importantes, para defender e poder dizer ‘olha, aqui pode ser desmatado e aqui não pode. Você não pode sair desmatando qualquer área só pelo interesse comercial”.
A professora Vanderlan conclui com um apelo aos pesquisadores brasileiros: “Nesta semana, todas as pessoas que puderem estar divulgando suas pesquisas, seus laboratórios, tudo que se faz na ciência deste país, que está no dia-a-dia do cidadão, para que eles possam estar lado a lado dos pesquisadores. Nós estamos precisando de um grito de socorro diante da situação a que chegamos com esse corte assustador que nos preocupa sem saber o que será do amanhã”, finaliza.
Veja o infográfico aqui.
Por Marcelo Rodrigues – estagiário da SBPC
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/10/2017

PIB : PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO ULTRAPASSAM OS PAÍSES RICOS.

PIB: Países em desenvolvimento ultrapassam os países ricos por larga margem


“Qualquer pessoa é capaz de ficar alegre e de bom humor quando está bem vestida”
Charles Dickens
“Cuidado com todas as atividades que requeiram roupas novas”
Henry Thoreau

norte econômico e sul econômico na economia global
[EcoDebate] Os dados do FMI mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) dos países em desenvolvimento (‘Sul econômico”) ultrapassou o PIB dos países desenvolvidos (“Norte econômico”), em poder de paridade de compra (ppp), desde 2008 e a diferença tem aumentado em favor dos emergentes.
O PIB mundial em 1980 era de US$ 13,2 trilhões (em ppp), sendo US$ 8,4 trilhões para os países “ricos” e US$ 4,8 trilhões para os países “pobres”. Os primeiros representavam 64% da economia global e os segundos 36%. Mas estas percentagens foram se aproximando até 2007 e se inverteram depois de 2008. No ano de 2016 o PIB dos países desenvolvidos foi de US$ 50 trilhões (representando 42% do PIB mundial) e o dos países em desenvolvimento de 70 trilhões (58% do PIB mundial). Para 2022, as estimativas do FMI apontam um PIB mundial de 168 trilhões, sendo US$ 63 trilhões (37,7% do PIB mundial) para os países ricos e US$ 105 trilhões (62,3% do PIB mundial) para os países pobres ou ditos em desenvolvimento ou emergentes.
Ou seja, os países desenvolvidos (economias avançadas) representavam quase dois terços da economia internacional em 1980 e os países em desenvolvimento (economias emergentes) representavam apenas um terço da economia internacional. Em 2016 os números foram, 42% e 58%, respectivamente. Mas em meados da próxima década a correlação de forças vai se inverter e os países em desenvolvimento devem representar dois terços da economia mundial.
Mas esse avanço das economias em desenvolvimento não foi generalizado, mas localizado em poucos países, em especial, na Ásia. Evidentemente, o grande destaque foi a China. Depois a Índia. E mesmo a Indonésia (o quarto maior país do mundo em termos populacionais) dobrou sua participação no PIB mundial. O gráfico abaixo mostra que a participação da União Europeia (EU) e dos Estados Unidos (EUA) caíram continuamente entre 1980 e 2016 e devem continuar caindo até 2022. Já a China passou a ser a maior economia do mundo (em ppp), a Índia caminha para superar os EUA e a UE e a Indonésia tem aumentado persistentemente sua presença na economia internacional.
participação da UE, CHINA, ÍNDIA E INDONÉSIA na economia mundial 
O gráfico abaixo mostra que enquanto a soma do PIB da União Europeia e dos Estados Unidos tem declinado permanentemente no PIB mundial, os três grandes países asiáticos, China, Índia e Indonésia, aumentaram continuamente suas participações. A previsão é que as potências orientais ultrapassem as potências ocidentais em 2020.
participação da UE+EUA e da China+Índia+Indonésia na economia mundial
Evidentemente, o peso dos países em desenvolvimento no PIB mundial é bastante influenciado pelo tamanho da população. Em 1980, os países desenvolvidos tinham uma população de cerca de 1 bilhão de habitantes e os países em desenvolvimento tinham 3,3 bilhões de habitantes. Em 2016, os números eram 1,2 bilhão de habitantes para os primeiros e 6,3 bilhões de habitantes para os segundos.
O gráfico abaixo mostra que a renda per capita dos países desenvolvidos, em 1980, era de US$ 11 mil (em ppp), e dos países em desenvolvimento de US$ 1,5 mil. Ou seja, os “pobres” tinham apenas 14% da renda dos “ricos”. Em 2016, os primeiros tinham renda de US$ 49 mil e os segundos de US$ 11,2 mil, representando 23%. A estimativa para 2022 é de renda per capita de US$ 60 mil para os países desenvolvidos e de US$ 15,5 mil para os países em desenvolvimento, representando 26%. A despeito da enorme desigualdade de renda, as diferenças estão diminuindo e há uma tendência, lenta mas constante, de convergência entre os dois blocos. 
renda per capita dos países desenvolvidos e em desenvolvimento: 1980-2022
O alto crescimento econômico dos países em desenvolvimento pode ser considerado uma boa notícia do ponto de vista da redução das desigualdades de renda e da redução da pobreza. Contudo, o grande crescimento populacional e econômico dos países em desenvolvimento já tem um enorme impacto negativo sobre o meio ambiente. E para agravar a situação, diversos países – como a China – estão transformando suas tradicionais economias agrárias e rurais (de baixo consumo) em economias urbano-industriais altamente dependentes de carros e energia fóssil, com alto consumo conspícuo e elevada emissão de gases de efeito estufa.
A revolução energética e a descarbonização da economia pode amenizar um pouco os danos causados aos ecossistemas. Mas o mundo deveria investir mais na redução das desigualdades internacionais e na mudança radical no modelo “Extrai-Produz-Descarta” para evitar um colapso ambiental. É impossível continuar aumentando as atividades antrópicas em um quadro onde prevalece o fluxo metabólico natural entrópico.
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 27/10/2017

UMA VERDADE MAIS INCONVENIENTE

Uma Verdade Mais Inconveniente: entre os impactos e a esperança para o fim da crise climática
Com lançamento previsto para 9 de novembro, novo documentário do Al Gore mostra os efeitos do aumento das temperaturas da Terra e os caminhos da negociação até o Acordo de Paris
colocar aqui a legenda (Foto: nome do fotógrafo)
A reportagem é de Thaís Herrero e publicada por Greenpeace, 26-10-2017.
Quando em uma das cenas finais de seu novo documentário, Al Gore questiona quanto tempo o movimento para combater a crise climática levará para triunfar, ele recorre a uma frase de Martin Luther King para responder "não muito". "Porque nenhuma mentira pode durar para sempre. Quanto tempo? Não muito porque o arco moral do universo é longo, mas este inclina-se em direção à justiça", cita.
Seu segundo documentário, chamado Uma Verdade Mais Inconveniente, estreia no Brasil no dia 9 de novembro e traz a mensagem esperançosa de que o movimento para combater o aquecimento do planeta – e cortar emissões de gases que agravam o fenômeno – está num ponto de virada. E vemos com exemplos da história que o caminho é longo, mas que chegaremos lá. Nesse ponto de virada já estiveram movimentos como o da abolição, como o movimento anti-apartheid décadas atrás e o do direito ao voto às mulheres. Esses movimentos, diz Al Gore, fizeram a sociedade escolher sobre o que era certo ou errado.
O documentário mostra como as mudanças climáticas já estão afetando grande parte da população mundial. Seus efeitos são vistos em inundações em cidades ricas, como Miami Beach e Nova York. Mas também – e em maior gravidade – em países em desenvolvimento, como as Filipinas. Em 2013, o país asiático vivenciou o maior tufão já registrado na história, que deixou milhares de mortos e desabrigados. E retrata os caminhos até a assinatura do Acordo de Paris – e o seguido retrocesso, quando Donald Trump tirou os Estados Unidos do acordo. Mesmo assim, 169 países já ratificaram o acordo, e a mudança está a caminho.

Cine-debate

Na noite de 24 de outubro, o Greenpeace participou de uma sessão especial do documentário, seguida de um debate. Entre os convidados estavam Fabiana Alves,especialista em Clima do Greenpeace Brasil, Alfredo Sirkis, representando o The Climate Reality ProjectAndré Nahur, coordenador do Programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil e Delcio Rodrigues, da ClimaInfo como mediador.
Entre os temas levantados por eles e pela plateia estiveram os retrocessos da agenda política atual. O governo brasileiro, apesar de ter assinado o Acordo de Paris, aprova no Congresso um pacote de retrocessos à legislação ambiental brasileira, que podem aumentar o desmatamento na Amazônia, um dos principais fatores de emissão do país.
Para o Brasil, as consequências do aumento da temperatura global já estão acontecendo. E foi consenso entre os participantes e a plateia que as mudanças climáticas são um problema ambiental e social. Aumento da seca, diminuição da produção de grãos e inundações são apenas alguns exemplos de realidades que já acontecem aqui. O Nordeste seria uma das regiões mais afetadas no Brasil. E cidades como Santos e Rio de Janeiro poderiam ter parte de suas infraestruturas destruídas pelo aumento do nível do mar.
Apesar do contexto negativo da política brasileira e da saída de Trump do Acordo de Paris, o mundo caminha para adotar políticas concretas que revertam as mudanças climáticas. O mundo deve resistir aos retrocessos e continuar o caminho em direção à diminuição das emissões de CO2 e às energias renováveis.
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

domingo, 29 de outubro de 2017

AUMENTO DA OBESIDADE ENTRE OS JOVENS É PREOCUPANTE.

Obesidade entre jovens, com idade de cinco a 19 anos, aumentou mais de 10 vezes nas últimas quatro décadas, revela OMS


ONU
O número de jovens obesos, com idade de cinco a 19 anos, aumentou mais dez vezes nas últimas quatro décadas, passando de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016. Obesidade e sobrepeso são atualmente uma crise mundial de saúde, segundo a agência das Nações Unidas. Dados são de pesquisa publicada nesta semana para o Dia Mundial da Obesidade, lembrado em 11 de outubro.
Obesidade entre os jovens preocupa a OMS. Foto: Flickr/Tony Alter (CC)
Obesidade entre os jovens preocupa a OMS. Foto: Flickr/Tony Alter (CC)
O número de jovens obesos, com idade de cinco a 19 anos, aumentou mais dez vezes nas últimas quatro décadas, passando de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016. É o que revela um estudo da Imperial College London e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Pesquisa foi lançada para o Dia Mundial da Obesidade, lembrado em 11 de outubro. Problema foi descrito pela agência da ONU como “uma crise mundial de saúde”.
Se as tendências atuais se mantiverem, haverá mais crianças e adolescentes com obesidade do que com desnutrição até 2022. Em 2016, havia 50 milhões de meninas e 74 milhões de meninos com obesidade no mundo, enquanto o número global de meninas e meninos com desnutrição moderada e grave era de 75 milhões e 117 milhões, respectivamente.
Os dados foram estimados a partir das medidas de peso e altura de cerca de 130 milhões de pessoas com mais de cinco anos de idade — 31,5 milhões de indivíduos entre os cinco e os 19 anos e 97,4 milhões com mais de 20 anos. Esse é o maior contingente de participantes envolvidos em um estudo epidemiológico.
Mais de mil colaboradores contribuíram para a elaboração do levantamento, que avaliou o índice de massa corporal (IMC) para investigar como a obesidade mudou ao longo dos últimos 40 anos.
As taxas de obesidade em crianças e adolescentes passaram de menos de 1% em 1975 — o equivalente a 5 milhões de meninas e 6 milhões de meninos — para quase 6% entre as jovens e quase 8% entre os rapazes, em 2016. Além dos 124 milhões de jovens de cinco a 19 anos com obesidade, outros 213 milhões estavam com sobrepeso, segundo cálculos referentes ao ano passado.
Para Fiona Bull, coordenadora do programa de vigilância e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis da OMS, os resultados do estudo “destacam, relembram e reforçam que o sobrepeso e a obesidade são atualmente uma crise mundial de saúde e, ao menos que comecemos a tomar medidas drásticas, deve piorar nos próximos anos”.

Alimentos saudáveis precisam ser mais acessíveis

O principal responsável pela pesquisa e professor da Escola de Saúde Pública da Imperial College, Majid Ezzati, aponta que o avanço da obesidade afeta todos os países, independentemente de seu estado de desenvolvimento.
“Nas últimas quatro décadas, as taxas de obesidade em crianças e adolescentes aumentaram em todo o mundo e continuam a crescer em países de baixa e média renda. Mais recentemente, se estenderam aos países de maior renda, embora os níveis de obesidade permaneçam inaceitavelmente altos”, explica.
Para o especialista, políticas públicos devem favorecer o consumo de alimentos saudáveis, garantindo preços acessíveis. “Essas tendências preocupantes refletem o impacto do marketing e das políticas de alimentos em todo o mundo, com alimentos nutritivos e saudáveis caros demais para famílias e comunidades pobres”, criticou o docente.
Segundo o pesquisador, as crianças do futuro terão mais chances de crescerem obesas e de terem doenças como o diabetes. “Precisamos de maneiras para tornar o alimento saudável e nutritivo mais disponível em casa e na escola, especialmente entre famílias e comunidades pobres, além de regulamentos e impostos para proteger as crianças de alimentos pouco saudáveis”, acrescentou Ezzati.
De acordo com a OMS, o cenário é sintomático de que a má nutrição — em todas as suas formas, seja a subnutrição, seja a obesidade — continua sendo um desafio para todos os países.
Na avaliação do organismo das Nações Unidas, crianças e adolescentes passaram rapidamente de uma maioria com desnutrição para uma maioria com sobrepeso em muitos países de média renda, incluindo no Leste Asiático, América Latina e Caribe.
Os autores da publicação ressaltam que isso pode ser reflexo de um crescimento no consumo de alimentos mais calóricos, especialmente carboidratos altamente processados, que levam ao aumento de peso e a baixos resultados de saúde ao longo da vida.

Soluções

Junto com o estudo, a OMS lançou o plano de implementação da iniciativa Ending Childhood Obesity (Acabando com a Obesidade Infantil, em tradução livre para o português). Documento apresenta recomendações para países e parceiros. Entre as orientações da OMS, estão:
  • A implementação de programas integrais que promovam a ingestão de alimentos saudáveis e reduzam o consumo de alimentos não saudáveis e bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes;
  • A implementação de programas integrais que promovam atividades físicas e reduzam comportamentos sedentários entre crianças e adolescentes;
  • A integração e fortalecimento das orientações para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, com orientações atualizadas para o momento pré-concepção e cuidados pré-natais para reduzir o risco de obesidade na infância;
  • A difusão de orientações e prestação de assistência para promover dietas saudáveis, sono e atividades físicas durante a primeira infância, a fim de assegurar que as crianças cresçam apropriadamente e desenvolvam hábitos saudáveis;
  • A implementação de programas integrais que promovam ambientes escolares saudáveis, aulas sobre saúde e nutrição e atividades físicas entre crianças e adolescentes na idade escolar;
  • O oferecimento de serviços familiares na gestão de peso e estilo de vida para crianças e jovens que são obesos.
Da ONU Brasil, in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2017

USO DE CELULAR ANTES DE DORMIR TRAZ PROBLEMAS SÉRIOS AO SONO

Uso de celular antes de dormir traz problemas sérios ao sono


Uso de celular antes de dormir traz problemas sérios ao sono
Imagem: Marcos Santos/USP Imagens
[EcoDebate] O uso exagerado de aparelhos eletrônicos e a falta de sono já são considerados marcas registradas das novas gerações. Mas será que ambos estão relacionados? A resposta é, com certeza, sim. Prova disso é o estudo divulgado pela Fundação Nacional para o Sono dos Estados Unidos que envolveu 1.508 pessoas entre 13 e 64 anos. A pesquisa apontou que quase 95% dos entrevistados usam algum tipo de equipamento eletrônico antes de ir para a cama e a maioria deles admitem que dormem mal.
A Fundação ainda revelou quais tipos de aparelhos cada faixa etária costuma usar com mais frequência. Muitos adultos, entre 46 e 64 anos, assistem televisão antes de dormir. Já adolescentes de 13 a 18 anos e 28% dos jovens entre 19 e 29 anos preferem jogar videogames antes de deitar. Notebooks e computadores também entram na lista. Segundo eles, 61% dos entrevistados usam esses aparelhos à noite.
Muitos pacientes procuram o atendimento especializado na Unidade do Sono de Brasília devido à falta de sono e, na maioria das vezes, a causa é o uso de aparelhos eletrônicos. “Quando os pacientes não vêm diretamente por conta de queixas relacionadas ao uso de eletrônicos na hora de dormir, frequentemente é fácil identificar esse problema associado a outros transtornos que compõem a queixa principal”, conta o Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues*, da Unidade do Sono de Brasília.
O que acontece?
Segundo o neurologista, o uso indiscriminado desses dispositivos no momento em que a pessoa está se preparando para dormir e no lugar que deveria ser consagrado ao sono ressignifica na mente valores como noite, sono e descanso.
O que acontece é que a iluminação artificial do aparelho durante a noite estimula o cérebro a produzir neurotransmissores característicos da vigília, como, por exemplo, a noradrenalina e a dopamina. Em contrapartida, acontece a redução de hormônios que promovem o sono, como a melatonina. “Além disso, a interação com esses dispositivos ativa regiões do cérebro que controlam a atenção e a memória, espantando o sono”, explica.
Aparelhos eletrônicos influenciam na aprendizagem
De acordo com uma pesquisa divulgada neste ano pelo periódico Scientific Reports, as crianças dormem menos e demoram mais a pegar no sono quando brincam com esses dispositivos diariamente. A pesquisa mostrou que, a cada hora de uso dos aparelhos, as crianças dormem uma média de 16 minutos a menos em um período de 24 horas.
O Dr. Nonato afirma que os pais devem impor alguns limites quanto ao uso de tablets e celulares para seus filhos, já que essa nova geração tem se tornado cada vez mais dependente deles, até para brincar. “O uso precisa ser controlado, pois a perda de sono poderá trazer prejuízos significativos na vida da criança, interferindo na aprendizagem e no humor, além de dar-lhes mau exemplo por favorecer a indisciplina em relação aos horários de dormir”, orienta.
Problemas futuros
Além do cansaço, a privação do sono pode causar problemas sérios à saúde. Confira:
  • problemas cardiovasculares;
  • envelhecimento precoce;
  • doenças mentais.
Orientação
Para alcançar um sono tranquilo, o Dr. Nonato orienta seus pacientes a deixarem o celular e outros dispositivos de lado a partir das 20h, se possível. Vale lembrar que a cama é um local destinado somente para o sono. Levar trabalho e lazer para ela não é bom. “A tendência é a de que se dediquem momentos que deveriam estar voltados ao sono por trabalho, lazer”. Se o indivíduo tem o costume de ler antes de dormir, o ideal é que faça isso fora do quarto, em um ambiente com luminosidade suave
*Dr. Raimundo Nonato Delgado Rodrigues, Médico especialista em sono pela Associação Médica do Brasil, neurologista pela Academia Brasileira de Neurologia, com doutorado em Clínica Médica (Medicina do Sono) pela Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília em colaboração com a Clinique Neurologique des Hospices Civils de Strasbourg – France. Professor de Neurologia da Universidade de Brasília, DF.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2017

PRECISAREMOS DE MAIS UM PLANETA ?

Precisaremos de mais um planeta? 


antropoceno
[EcoDebate] Voltando ao livro de Kevin Ashton, A História Secreta da Criatividade (Sextante, 2016) e a Thomas Malthus vamos refletir sobre o seguinte:
A população humana dobrou entre 1970 e 2010. Em 1970, as pessoas viviam em media até os 52 anos. Em 2010, até os 70 anos. Não somente somos o dobro de pessoas, cada qual vivendo um terço a mais: o consumo dos recursos naturais por parte de cada indivíduo está crescendo. A ingestão de alimentos era de oitocentas mil calorias por pessoa por ano em 1970 e mais de um milhão de calorias por ano em 2010. O consumo de água por pessoa por ano mais que dobrou de 1970 para 2010. Apesar do crescimento da internet e dos computadores e do declínio dos jornais e livros impressos, o uso de papel aumentou de 25 quilos por pessoa por ano em 1970 para 55 quilos em 2010.
Temos tecnologias mais eficientes energeticamente do que em 1970, mas também temos mais tecnologia, e uma parte maior do mundo tem acesso à eletricidade. Assim, enquanto usávamos 1.200 quilowatts-hora por pessoa por ano em 1970, utilizávamos 2.900 quilowatts-hora em 2010.
Essas mudanças são boas para os indivíduos nesse momento: elas indicam que um número maior de nós vive mais tempo, tem vida mais saudável com o suficiente para comer e beber e uma chance melhor de evitar ou sobreviver a doenças ou ferimentos. O mesmo provavelmente se aplica aos nossos filhos. Mas o consumo crescente significará uma crise para toda a nossa espécie num futuro próximo. O que cresce não é apenas o número de seres humanos e do consumo; a taxa de crescimento desses números também está aumentando. Estamos indo mais depressa e continuamos acelerando.
Nossos recursos naturais não podem crescer tão rápido quanto nossas necessidades. Se nada mudar, chegará o dia que nossa espécie vai pedir mais do que o planeta pode dar; a única incógnita é quando (acho que já chegamos lá!). Essas preocupações não são novas. Em 1798, um livro chamado Ensaio Sobre o Princípio da População foi publicado na Inglaterra. O autor, Thomas Malthus (escreveu sob pseudônimo), alertou sobre o possível desastre, dizendo exatamente assim:
“O poder de crescimento da população é maior que o poder da Terra de produzir meios de subsistência para o homem. A população, se não for controlada, cresce em progressão geométrica. A produção de alimentos aumenta apenas em progressão aritmética. Um pequeno conhecimento sobre números mostrará a enormidade do poder do primeiro em comparação com o segundo. De acordo com a lei da nossa natureza, que torna o alimento necessário para a vida do homem, os efeitos desses dois poderes desiguais devem ser equiparados. Isso implica uma contenção forte e constante da população diante da dificuldade de subsistência. Essa dificuldade deve ser sentida de modo severo por uma grande parcela da humanidade.”
Malthus estava certo com relação ao crescimento da população, mas estava errado com relação às consequências. Na época de Malthus – final do século dezoito – havia quase um bilhão de pessoas no mundo e a população dobrara em três séculos. Isso era alarmante para ele, mas no século vinte a população dobrou duas vezes mais, chegando a dois bilhões em 1925 e quatro bilhões em 1975. Hoje estamos chegando aos nove bilhões! Isso, segundo Malthus, deveria provocar uma enorme fome no mundo, mas na verdade a fome declinou no século XX. Excetuando a África, praticamente a fome foi erradicada no mundo, graças à tecnologia.
* Aroldo Cangussu, Colaborador do EcoDebate, é engenheiro e ex-secretário de meio ambiente de Janaúba e diretor da ARC EMPREENDIMENTOS AMBIENTAIS LTDA.
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 13/10/2017

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

BRASIL POSSUI 13 MILHÕES DE ANALFABETOS

O BRASIL TEM 13 MILHÕES DE ANALFABETOS E NÃO CONSEGUE REDUÇÃO HÁ TRÊS ANOS.



Brasil ainda tem 13 milhões de analfabetos e não consegue reduzir esse número há três anos, segundo relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) divulgado nesta terça-feira (24).
Os dados são da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que apresentou o "Relatório de Monitoramento Global da Educação 2017/8". O tema da pesquisa é "Responsabilização na educação: cumprir nossos compromissos".
A conclusão do relatório é que de faltam incentivos para a educação profissionalizante e para o aluno terminar o ensino médio. Em todo o mundo, são 100 milhões de analfabetos.
A reportagem é publicada por G1, 24-10-2017.
Os resultados do relatório avaliam como os países conseguem ou não cumprir o "Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 4 da ONU: assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos".
O relatório alerta que a culpa desproporcional sobre qualquer ator para problemas educacionais sistêmicos pode ter sérios efeitos colaterais negativos, além de ampliar a inequidade e prejudicar a aprendizagem.
Os dados mostram que, nos países ricos, 84% dos jovens concluem o ensino médio, enquanto no Brasil o índice é de 63%. Os resultados obtidos também são distintos: no Brasil, menos de 50% dos alunos demonstram habilidades em ciências. No Japão, esse percentual é de 90%.

Destaques pelo mundo

  • Países associados à Unesco têm, ao menos, 264 milhões de crianças e jovens que não frequentam a escola.
  • Atualmente, 82% das constituições nacionais têm previsão legal sobre o direito à educação. Mas em pouco mais da metade as leis não responsabilizam os governos, ou seja, os cidadãos não podem processar o governo por violações a esse direito.
  • Em 42 dos 86 países que enviaram dados à Unesco, suas constituições, leis ou políticas se referem explicitamente à educação inclusiva, sugerindo uma tendência contra escolas especiais e a favor de programas inclusivos em escolas regulares.
  • Em alguns países, professores e escolas estão sendo penalizados devido a resultados fracos em avaliações.
  • De 70 sindicatos de professores em mais de 50 países, mais de 60% nunca ou raramente foram consultados sobre materiais didáticos.
  • Dos relatórios nacionais de monitoramento da educação, apenas um terço engloba a educação de adultos.
  • Apenas 14 de 34 países de renda baixa e média estabeleceram padrões para a educação infantil e sistemas de monitoramento de seu cumprimento.
  • Apoio com bolsas de estudo caiu 4% no mundo entre 2010 e 2015, sendo o gasto subestimado em países como BrasilChina e Índia.
  • Fonte : Instituto Humanitas Unisinos

REVOLUÇÃO BOLCHEVIQUE

Os 100 anos da Revolução Bolchevique e a derrota dos anarquistas.


“O que foi feito, amigo; De tudo que a gente sonhou (…)
Outros outubros virão; Outras manhãs, plenas de sol e de luz”
Milton Nascimento

FERRARIO, Juan M. “As matanças de anarquistas na revolução russa”, Imprensa Marginal, 2007
Imagem: http://www.anarquista.net
[EcoDebate] O mês de outubro de 2017 marca os 50 anos do assassinato de Che Guevara, os 68 anos da Revolução Comunista na China, os 100 anos da Revolução Russa e os 500 anos da Reforma Protestante. Sem dúvida, acontecimentos marcantes para o décimo mês do ano, cheio de referências históricas. História que não tem fim. Como disse Milton Nascimento: “Outros outubros virão; Outras manhãs, plenas de sol e de luz”.
A Revolução Russa foi o evento social que teve o maior impacto (para o bem ou para o mal) na dinâmica histórica mundial no século XX. Na madrugada do dia 25 de outubro de 1917 (07 de novembro no calendário ocidental), os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, cercaram e ocuparam o Palácio de Inverno, onde estavam sediados o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado. Imediatamente, o governo bolchevique tomou uma série de medidas de impacto, como a saída imediata da guerra (assinatura do Tratado de Brest-Litovski), o confisco das propriedades privadas dos aristocratas e da Igreja Ortodoxa e a instalação da “ditadura do proletariado”, como sugeria a teoria marxista.
Karl Marx achava que a revolução socialista aconteceria nos países capitalistas mais avançados e viria para libertar as forças produtivas dos constrangimentos impostos pela acumulação burguesa. Mas a Revolução Bolchevique aconteceu em um país atrasado economicamente, com uma indústria incipiente e com forte dependência do setor rural. Diante do atraso e da calamidade provocada pela Primeira Guerra Mundial, os líderes da Revolução Russa colocaram como meta a industrialização em marcha forçada do país.
Lenin dizia que “O comunismo é o poder dos sovietes mais a eletrificação”. Além disto, Lenin incentiva a aplicação das ideias tayloristas da disciplina do trabalho e afirmou: “É preciso organizar, na Rússia, o estudo e o ensino do sistema Taylor, sua experiência e sua adaptação sistemática”. O taylorismo na URSS virou stakhanovismo (ou estacanovismo) que foi um movimento que apropriou o exemplo do mineiro Alexei Stakhanov, que, convenientemente, defendia o aumento da produtividade operária com base na própria força de vontade dos trabalhadores.
O resultado da revolução foi a implantação de um “capitalismo de Estado”, de cunho autoritário, produtivista e com base em uma grande expropriação dos trabalhadores em nome do desenvolvimento coletivo do país, para se rivalizar com as potências ocidentais. As liberdades individuais foram sacrificadas em nome dos “direitos” econômicos e sociais. O meio ambiente também foi totalmente sacrificado em nome do antropocentrismo socialista.
Evidentemente, esta revolução estatista e totalitária era essencialmente contrária às ideias anarquistas de fortalecimento da sociedade civil. Os anarquistas defendem a autogestão e a organização de maneira independente e antagônica ao poder do Estado. O anarquismo defende a liberdade em sua integralidade, significando a ruptura total com todas as formas de autoritarismo e respeitando a soberania da consciência e da razão como norteadoras de seus atos, além da organização de baixo para cima da vida social.
Não há espaço neste artigo para analisar as principais consequências da Revolução Russa. Mas, no aniversário de 100 anos, talvez seja importante tocar em um ponto pouco abordado que é o sofrimento dos anarquistas que sonhavam com um mundo de liberdade e foram exterminados.
Por exemplo, o livro de Juan Manuel Ferrario, “As matanças de anarquistas na revolução russa” (2007), trata de dois acontecimentos importantes que se somam no conjunto da tragédia dos anarquistas russos: “de um lado a configuração do movimento makhnovista que se estendeu por toda a Ucrânia entre 1918 e 1921 e cujo nome se deve a seu líder guerrilheiro, Nestor Makhno; de outro lado, estão os ‘acontecimentos de Kronstadt’, cidade russa em que os bolcheviques, já no poder, assassinaram milhares de marinheiros que se sublevavam em greve ao ver os primeiros indícios da configuração da burocracia vermelha, e da distorção dos objetivos principais da Revolução Russa”.
Do ponto de vista da equidade de gênero, cabe relembrar o papel que teve Emma Goldman na Revolução Russa. Ela nasceu em Kovno (atual Kaunas), na Lituânia, então parte do Império Russo e emigrou para os Estados Unidos em 1885. Emma Goldman (1869-1940) foi uma das principais figuras da história do anarquismo e do feminismo na Rússia, nos Estados Unidos e no mundo. Ela foi uma das primeiras defensoras da liberdade de expressão, da organização sindical, regulação da fecundidade e igualdade e independência das mulheres.
Em Nova Iorque ela se tornou uma militante anarquista, escritora e divulgadora de ideias anticapitalistas, em defesa das causas sociais e sindicais, assim como pioneira da luta pela emancipação da mulher. Em 1906, ela fundou o jornal anarquista Mother Earth (Mãe Terra). Ela teve uma atuação destacada na luta contra os interesses imperialistas por trás da Primeira Guerra Mundial. Foi expulsa dos EUA e voltou à Rússia, onde participou da Revolução Bolchevique.
A Revolução Russa abriu uma janela de oportunidade para as mulheres de todo o mundo, viabilizando o divórcio, novas formas de família não-tradicionais e promovendo a “procriação consciente” e o aborto, todas ideias defendidas por Emma Goldman e outras mulheres anarquistas. Mas a primeira experiência mundial de dar mais liberdade e direitos às mulheres falhou, ao não conseguir transformar integralmente as aspirações revolucionárias em realidade. E, mais ainda, como os ideais revolucionários resultaram em repressão política e social do stalinismo.
Emma Goldman ficou desiludida com os retrocessos que eliminaram o sonho de uma sociedade com maior equidade de gênero. Diante do “capitalismo de estado” e do regime totalitário, em franca oposição aos ideais libertários do anarquismo, ela abandonou o país e escreveu o livro “Minha desilusão na Rússia”. Goldman continuou tendo atuação em vários países e, já na terceira idade, viajou até a Espanha para apoiar a Revolução Anarquista durante a Guerra Civil Espanhola. Morreu em Toronto, no Canadá, em 1940.
Como mostra Paul Avrich (2017), a queda de Makhno marcou o início do fim do anarquismo russo. Três meses depois, em fevereiro de 1921, o movimento sofreu outro grande golpe quando Piotr Kropotkin, com quase oitenta anos de idade, morreu de pneumonia. A família de Kropotkin recusou o enterro cerimonial de Estado oferecido por Lenin e um comitê de anarquistas foi designado para organizar o funeral. No funeral de Kropotkin a bandeira negra do anarquismo foi hasteada por Moscou pela última vez. Duas semanas depois, a revolta de Kronstadt explodiu e uma nova onda de prisões políticas varreu o país. Livrarias anarquistas, copiadoras e clubes foram fechados e os poucos círculos anarquistas restantes foram dissolvidos. Mesmo os pacifistas seguidores de Tolstói – dos quais alguns foram fuzilados na Guerra Civil por se recusarem a servir no Exército Vermelho – foram presos e banidos. Em Moscou, um círculo de influentes “anarquistas soviéticos” conhecido como Universalistas foi preso sob falsas acusações de “banditismo e atividades ilegais”.
Ainda segundo Avrich, a repressão continuou inalterada nos meses que se seguiram. Em setembro de 1921, a Cheka executou dois anarquistas famosos sem julgamento ou acusações formais. Emma Goldman ficou tão ultrajada que considerou fazer um escândalo à maneira das sufragistas inglesas. O famoso anarquista Alexander Berkman registrou em seu diário.
“Uma a uma as brasas da esperança se apagaram. Terror e despotismo esmagaram a vida nascida em Outubro. Os slogans da revolução foram perjurados, seus ideais sufocados no sangue do povo. O fôlego de ontem está condenando milhões à morte; a sombra de hoje suspende-se como um lençol negro sobre o país. A ditadura está pisando no povo. A Revolução está morta; seu espírito grita no deserto… Decidi deixar a Rússia”.
Os Bolcheviques venceram a Revolução Russa. Os anarquistas foram derrotados e eliminados política e fisicamente. A experiência soviética se espalhou pelo mundo, inclusive nos primeiros anos da Revolução Chinesa. Mas o “Capitalismo de Estado” da China virou “Socialismo de Mercado” chinês. O Império Soviético não resistiu mais do que 7 décadas. A URSS chegou ao fim em 1991. Mas a luta anarquista pela liberdade, pela auto-organização da sociedade civil e pela paz e harmonia vai continuar eterna.
Referências:
FERRARIO, Juan M. “As matanças de anarquistas na revolução russa”, Imprensa Marginal, 2007
http://www.anarquista.net/wp-content/uploads/2014/09/As-Matan%C3%A7as-de-Anarquistas-na-Revolu%C3%A7%C3%A3o-Russa-Juan-Manuel-Ferrario.pdf
Paul Avrich. Os anarquistas russos e a Guerra Civil, Ideias & Debates, 2017
http://passapalavra.info/2017/04/111506
Emma Goldman. Capítulo XI. Los Aspectos Sociales del Control de Natalidad, Mother Earth, Vol. XI, abril 1916, In: La palabra como arma. – 1a ed. – Buenos Aires : Libros de Anarres; La Plata: Terramar, 2010, pp: 137-144
http://www.radiovillafrancia.cl/wp-content/uploads/2014/06/Goldman-Emma-La-palabra-como-arma.pdf
The Emma Goldman Papers http://www.lib.berkeley.edu/goldman/
José Eustáquio Diniz Alves, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor titular do mestrado e doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas da Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE; Apresenta seus pontos de vista em caráter pessoal. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 25/10/2017

MATEMÁTICO PREVÊ SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA

MATEMÁTICO PREVÊ  SEXTA EXTINÇÃO EM MASSA

Diário Online - DOL
Até 2100, os oceanos podem conter carbono o suficiente para causar o extermínio em massa de espécies nos próximos milênios.
A reportagem é de Jennifer Chu, publicada por MIT News Office, 20-09-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Nos últimos 540 milhões de anos, a Terra passou por cinco eventos de extinção em massa, cada um envolvendo processos que alteraram o ciclo normal do carbono na atmosfera e nos oceanos. Todas essas modificações no carbono, que são fatais em nível global, desenrolaram-se ao longo de milhares de milhões de anos e coincidem com o extermínio generalizado de espécies marinhas em todo o mundo.
A pergunta para muitos cientistas é se o ciclo do carbono está passando por um abalo significativo, que poderia levar o planeta a uma sexta extinção em massa. Na era moderna, as emissões de dióxido de carbono aumentaram constantemente desde o século XIX, mas saber se o recente aumento nos níveis de carbono pode levar à extinção em massa tem sido difícil. Isso se deve principalmente à dificuldade de relacionar anomalias de carbono antigo, ocorrendo ao longo de milhares de milhões de anos até as rupturas atuais, que aconteceram apenas no decorrer de pouco mais de um século.
Agora, Daniel Rothman, professor de geofísica no Departamento de Ciências atmosféricas, planetárias e terrestres (Department of Earth, Atmospheric and Planetary Sciences) do MIT e co-diretor do centro Lorenz do MIT, analisou mudanças significativas no ciclo do carbono nos últimos 540 milhões de anos, como os cinco eventos de extinção em massa. Ele identificou "limiares de catástrofe" no ciclo do carbono que, se excedidos, levariam a um ambiente instável e, em última instância, à extinção em massa.
Em um artigo publicado hoje na Science Advances, ele propõe que a extinção em massa ocorre se um dos dois limiares for ultrapassado. No caso alterações no ciclo do carbono em longos períodos de tempo, as extinções acontecerão caso essas alterações ocorram mais rapidamente do que os ecossistemas globais podem se adaptar. No caso de alterações de carbono em períodos mais curtos, não importa o ritmo das mudanças do ciclo do carbono; em vez disso, o tamanho ou a magnitude da mudança determinará a probabilidade de um evento de extinção em massa.
Considerando esse raciocínio adiante no tempo, Rothman prevê que, dado o recente aumento nas emissões de dióxido de carbono em um período de tempo relativamente curto, uma sexta extinção dependerá de uma quantidade crítica de carbono ser adicionada aos oceanos. Esse montante, segundo seus cálculos, seria de cerca de 310 gigatoneladas, que estima ser equivalente à quantidade de carbono que a atividade humana terá adicionado nos oceanos no mundo até o ano de 2100.
Isso significa que haverá uma extinção em massa logo após a virada do século? Rothman diz que levaria algum tempo — cerca de 10.000 anos — para surgirem tais desastres ecológicos. No entanto, segundo ele, até 2100 o mundo poderá ter se transformado em "território desconhecido".
“Não quer dizer que o desastre vá ocorrer no dia seguinte", diz Rothman. "Quer dizer que, se não for controlado, o ciclo do carbono atingiria um ponto em que já não seria estável e seu comportamento seria difícil de prever. No passado geológico, esse tipo de comportamento era associado à extinção em massa."

A História segue a teoria

Daniel Rothman já havia trabalhado com a extinção do final do período Permiano, a mais grave na história da Terra, em que um enorme pulso de carbono através do sistema da Terra foi responsável por aniquilar mais de 95% das espécies marinhas no mundo todo. Desde então, as conversas com os colegas o estimularam a considerar a possibilidade de haver uma sexta extinção, levantando uma questão essencial:
"Como é possível comparar esses grandes eventos no passado geológico, ocorridos em períodos tão distantes, ao que está acontecendo hoje, séculos depois, no máximo?" Rothman afirma: "Sentei num dia de verão e tentei pensar sobre como abordar a questão de forma sistemática."
Então, ele produziu uma fórmula matemática simples a partir de princípios físicos básicos, relacionando a taxa crítica e a magnitude da mudança no ciclo do carbono à escala de tempo que separa a mudança rápida da lenta. Segundo sua hipótese, essa fórmula deve prever a ocorrência de extinção em massa ou de alguma catástrofe global.
Depois, questionou-se se a História seguiu sua hipótese. Pesquisando em centenas de artigos de geoquímica, identificou 31 eventos nos últimos 542 milhões de anos em que uma mudança significativa ocorreu no ciclo do carbono da Terra. Para cada evento, incluindo as cinco extinções em massa, Rothman observou a mudança no carbono, expressa no registro geoquímico como uma mudança na abundância relativa de dois isótopos, o carbono-12 e o carbono-13. Ele também observou a duração dessas alterações.
A partir disso, desenvolveu uma transformação matemática para converter essas quantidades na massa total de carbono adicionada aos oceanos em cada evento. Ao final, traçou o período e a massa de cada evento.
"Ficou evidente que havia um ritmo característico de mudança que o sistema basicamente não ultrapassava", afirmou.
Em outras palavras, ele observou um limiar comum para a maior parte dos 31 eventos. Ainda que envolvessem mudanças significativas no carbono, os eventos eram relativamente benignos — não eram suficientes para desestabilizar o sistema e levá-lo a uma catástrofe. Em contrapartida, quatro das cinco extinções em massa ficaram acima do limiar, sendo que a mais grave foi a do final do período Permiano, a mais distante no tempo.
"A partir de então, tornou-se uma questão de descobrir o que isso significava", disse.

Um vazamento oculto

Após análises complementares, Rothman descobriu que a taxa crítica para catástrofe está relacionada com um processo oculto do ciclo natural do carbono na Terra, que é essencialmente uma oscilação entre fotossíntese e respiração. Normalmente, há um "vazamento" no ciclo, em que uma pequena quantidade de carbono orgânico atinge o fundo do oceano e, ao longo do tempo, é enterrada como sedimento e isolada do resto do ciclo do carbono.
Rothman descobriu que a taxa crítica era equivalente à taxa de excesso de produção de dióxido de carbono resultante da contenção desse vazamento. Qualquer aumento de dióxido de carbono no ciclo não pode ser descrito pela própria oscilação. Ao contrário, um ou mais processos levariam o ciclo do carbono a um território instável.
Ele então determinou que a taxa crítica aplica-se apenas acima do período no qual o ciclo de carbono marinho pode restabelecer seu equilíbrio após a alteração. Hoje, esse tempo é cerca de 10.000 anos. Para eventos muito mais curtos, o limiar crítico já não está ligado à taxa de adição de carbono aos oceanos, mas sim à massa total do carbono. Ambos os cenários deixariam um excesso de carbono circulando nos oceanos e na atmosfera, resultando, provavelmente, na acidificação e no aquecimento global dos oceanos.

O século é o limite

A partir da taxa crítica e do período de equilíbrio, Rothman calculou que a massa crítica de carbono na era moderna era cerca de 310 gigatoneladas.
Depois, comparou sua previsão do total de carbono adicionado aos oceanos da Terra até o ano de 2100, de acordo com as projeções do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, do inglês Intergovernmental Panel on Climate Change). As projeções do IPCC consideram quatro caminhos possíveis para as emissões de dióxido de carbono, desde o caminho de condições rigorosas para limitar as emissões de dióxido de carbono até o que se relaciona a uma variedade de cenários sem limitações.
A melhor das hipóteses projeta que os seres humanos adicionarão 300 gigatoneladas de carbono aos oceanos até 2100, enquanto mais de 500 gigatoneladas serão adicionadas no pior cenário possível, excedendo o limite crítico. Em todos os cenários, Rothman demonstra que, até 2100, o ciclo do carbono estará perto ou muito acima do limite sob o qual não aconteceria uma catástrofe.
"Deve haver maneiras de retirar [as emissões de dióxido de carbono]", declara. "Mas este trabalho ressalta os motivos por que precisamos ter cuidado e apresenta mais razões para estudar o passado para entender o presente."
Fonte : Instituto Humanitas Unisinos